Após mortes inéditas por oropouche, Brasil investiga possível transmissão de mãe para filho

CNN Brasil


O Ministério da Saúde monitora seis casos suspeitos de aborto e má formação congênita que teriam como causa a febre oropouche. Casos de transmissão vertical da doença, ou seja, gestantes infectadas que contaminam os fetos durante a gravidez não foram registrados até então. Se confirmados, esses serão os primeiros no mundo.

O Brasil foi o primeiro país a registrar mortes pela doença, após a confirmação de dois óbitos na Bahia nesta quinta-feira (25), pela pasta. Até julho deste ano, o país contabilizou mais de 7 mil casos— número quase 9 vezes maior do que o registrado em todo o ano passado.

A transmissão vertical é investigada em três casos em Pernambuco, dois no Acre e um na Bahia.

Em nota técnica, o ministério alertou estados e municípios para a possibilidade de mães passarem o vírus para os bebês e recomendou a intensificação das ações de vigilância da transmissão vertical do vírus Oropouche.

Estudos em animais mostraram que gestantes poderiam transmitir o vírus ao feto, resultando em abortamento e teratogenicidade fetal, quando há fatores que podem prejudicar o desenvolvimento do feto.

Em junho deste ano, quatro recém-nascidos com microcefalia testaram positivo para a presença de anticorpos contra a doença, segundo análises do Instituto Evandro Chagas (IEC). Neste mês, foi identificado material genético da Oropouche em sangue de cordão umbilical, placenta e diversos órgãos de um feto que morreu com 30 semanas de gestação.

As análises das autoridades de saúde buscam saber se malformações neurológicas e mortes de bebês são consequência da infecção pelo vírus.

A febre oropouche não tem vacina e tratamento específico. As medicações administradas a pacientes com a doença buscam aliviar os sintomas e a principal forma de prevenção é o uso de repelentes contra os mosquitos transmissores.

Aumento dos casos e disseminação no país

Até o ano passado, apenas 832 casos foram confirmados distribuídos em cinco estados: Amazonas (457), Acre (178), Roraima (153), Rondônia (43) e Pará (01). Já neste ano, o aumento foi de 769%, apenas até julho. Os casos de 2024 foram contabilizados em todos os estados brasileiros.

Na 7ª Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite, nesta quinta-feira (25), as autoridades apontaram a preocupação para o crescimento e disseminação da doença no país, antes restrita a região Norte.



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