A vice-presidente americana Kamala Harris escolheu o governador de Minnesota, Tim Walz, como seu companheiro de chapa para a corrida à Casa Branca, de acordo com apuração da CNN com múltiplas fontes.
A seleção coroa a curta, mas rápida ascensão do democrata do Centro-Oeste dos EUA – de um patamar de relativamente desconhecido para um dos principais nomes do partido para atacar Donald Trump e a agenda trumpista.
Mas quem é Tim Walz?
Walz está atualmente em seu segundo mandato como governador de Minnesota e preside a Democratic Governors Association – organização que reúne autoridades democratas estaduais e regionais.
Anteriormente, ele serviu por 12 anos no Congresso, representando um distrito rural de tendência conservadora que, tanto antes quanto depois de seu mandato, foi majoritariamente dominado por republicanos.
Antes do Congresso, Walz foi professor de ensino médio e treinador de futebol e serviu na Guarda Nacional do Exército.
Ao longo de mais de uma década no Congresso, ele reuniu um histórico de votação bastante centrista.
Em sua primeira campanha, ele se opôs à proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo e apoiou os direitos ao aborto. E uma vez no Congresso, ele equilibrou isso com posições comparativamente mais conservadoras sobre os direitos às armas, o que resultou em obter um apoio da National Rifle Association (NRA) – a maior organização norte-americana de defesa do direito ao uso de armas.
Desde então, Walz caiu em desgraça com o lobby das armas devido ao seu apoio às ações de segurança de armas como governador.
“Acho que ele era um sólido membro democrata da Câmara com algumas reviravoltas — foco em agricultura, fazendeiros, áreas rurais”, disse o estrategista democrata Jeff Blodgett, um antigo assessor do falecido senador Paul Wellstone.
“Acho que ele queria proteger rifles e coisas dessa natureza como um congressista rural”, completou.
Walz concorreu para governador em 2018, saindo vitorioso por uma margem de dois dígitos. Ele foi reeleito em 2022 com 52% dos votos.
Como governador, Walz teve que lidar com um governo dividido e pequenas maiorias na Legislatura estadual. Mas em 2022, o Partido Democrata-Fazendeiro-Trabalhista (como o Partido Democrata do estado de Minnesota é conhecido) ganhou o controle da Câmara e do Senado estaduais, dando ao partido de Walz uma pequena “tríade” de controle legislativo.
Isso permitiu que Walz sancionasse uma série de programas de assistência social abrangentes, como almoço gratuito para estudantes de escolas públicas, acesso ampliado à saúde pelo Medicaid, proteções ampliadas que permitem que os trabalhadores se sindicalizem e licença médica e familiar remunerada ampliada.
Por meio dessa “tríade”, os democratas de Minnesota também conseguiram transformar os direitos ao aborto em lei, aumentar as proteções dos direitos transgêneros, aprovar um projeto de lei de legalização da maconha e instalar novas leis de segurança de armas.
Os progressistas saudaram o trabalho como um exemplo de tudo o que os democratas poderiam alcançar. O ex-presidente Barack Obama escreveu em um tweet elogiando a sessão legislativa mais recente que era um “lembrete de que as eleições têm consequências”.
Walz elogiou o trabalho da “tríade” em um combativo discurso sobre o Estado da União em 2023.
“Não há lugar como Minnesota agora”, ele disse à plateia de legisladores. “Juntos, não estamos apenas mostrando ao povo de Minnesota do que somos capazes de fazer para cumprir nossas promessas. Estamos mostrando a todo o povo americano o quanto de promessa está contida naquela visão progressista sustentada por tantas pessoas.”
“Como governador, ele abraçou a ideia de que é realmente importante investir em pessoas e infraestrutura para fazer a economia crescer”, disse Blodgett.
“E fazer isso de uma forma que realmente ajude as pessoas no meio e abaixo. Para mim, é apenas um grande foco em questões econômicas que são questões de mesa de bar com as quais as pessoas se importam.”
Quando começaram as especulações sobre quem Harris escolheria como companheiro de chapa, Walz largou como o maior dos azarões.
Ele obteve apoio de alguns membros do Congresso, como a deputada de Minnesota Angie Craig e a deputada de Washington Pramila Jayapal do Congressional Progressive Caucus, bem como incentivo de sindicatos trabalhistas.
No final, a experiência de Walz como governador com experiência em trabalhar com democratas e republicanos e suas raízes na área rural de Minnesota o tornaram uma escolha atraente para Harris.
Walz também foi uma surpresa para os republicanos.
“Tim Walz nem sequer registra no medidor de medo”, disse o estrategista republicano de Minnesota Kevin Poindexter antes do anúncio, acrescentando que os republicanos estavam mais preocupados com Harris escolhendo o senador do Arizona Mark Kelly ou o governador da Pensilvânia Josh Shapiro. “Ele se juntar à chapa como vice-presidente não traz nada.”
A seleção de Walz significa que tanto a campanha de Trump quanto a de Harris têm candidatos a vice-presidente que seus apoiadores esperam que ajudem a reunir apoio em todo o Centro-Oeste.
Os democratas esperam que as raízes de Walz em Minnesota atraiam uma ampla faixa de eleitores em toda a região, enquanto os republicanos sentem que a história do senador de Ohio JD Vance de crescer em Ohio, conforme documentado em seu livro de memórias “Hillbilly Elegy”, encontrará apelo em estados azuis como Michigan ou mesmo Minnesota.
O estrategista democrata Raghu Devaguptapu caracterizou Walz como uma “mão realmente firme” mais do que qualquer outra coisa como governador.
“Ele não é o cara mais carismático, mas tem uma mão firme. Ele é muito atencioso, muito simpático. Ele fez um ótimo trabalho construindo uma ampla coalizão de apoio. Esse é o centro de força em torno de Tim Walz”, disse Devaguptapu.
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