Autoridades de segurança dos EUA estão em alerta para possíveis ataques de retaliação contra democratas após a tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump, de acordo com um novo relatório de inteligência obtido pela CNN.
A avaliação – preparada em conjunto pelo FBI, Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) e outras agências, incluindo a polícia local em Illinois – descreve várias possíveis preocupações de segurança em torno da próxima Convenção Nacional Democrata em Chicago, que começa no próximo dia 19.
“O FBI e o DHS continuam preocupados com o potencial de atos de violência subsequentes ou retaliatórios após a tentativa de assassinato de (Trump) em 13 de julho de 2024, especialmente considerando que indivíduos em algumas comunidades online ameaçaram, encorajaram ou fizeram referência a atos de violência em resposta à tentativa de assassinato”, diz a avaliação, observando que as agências não identificaram nenhuma ameaça específica e confiável.
Apesar de várias teorias da conspiração que apareceram online após o ataque culpando os democratas, não há evidências de que o atirador foi motivado por política.
Uma revisão de registros públicos sugere que ele pode ter tido inclinações políticas divergentes e se registrado para votar como republicano, ao mesmo tempo em que fez uma pequena doação para um grupo de inclinação democrata.
Embora a motivação do atirador que atirou em Trump permaneça um mistério para os investigadores, o relatório diz que “tópicos politicamente e socialmente divisivos provocaram violência no passado” e acrescenta que alguns extremistas “verão as tensões políticas e sociais como uma oportunidade de usar ou promover a violência para promover seus objetivos ideológicos”.
A avaliação de inteligência é comum para grandes aglomerações consideradas eventos especiais de segurança nacional pelo secretário do DHS, e inclui muitas das preocupações de segurança descritas em outro relatório emitido pelas autoridades federais no mês passado antes da Convenção Nacional Republicana em Milwaukee.
“Os Estados Unidos estão em um ambiente de ameaça elevada e atualizam regularmente as autoridades policiais e outros parceiros”, disse o DHS à CNN em uma declaração na quinta-feira (8).
“Não há nenhum relato específico e verificado para indicar uma ameaça à Convenção Nacional Democrata neste momento, mas notamos o risco de que o evento possa ser visto como um alvo. Pedimos ao público que permaneça vigilante e denuncie prontamente atividades suspeitas às autoridades policiais locais.”
A convenção democrata começa em 19 de agosto e deve atrair mais de 50 mil visitantes ao centro de Chicago, incluindo diversas pessoas importantes, como o presidente Joe Biden, a vice-presidente Kamala Harris e vários líderes eleitos em todo o país.
O evento começa após vários incidentes de segurança preocupantes recentes envolvendo grandes aglomerações de pessoas no mundo todo, incluindo o ataque a Trump em um comício de campanha em Butler, Pensilvânia, que matou um membro do público e feriu outros, incluindo o ex-presidente.
Esse incidente provocou críticas bipartidárias ao Serviço Secreto e à falha em proteger adequadamente um prédio perto da grande aglomeração usada pelo atirador para atirar na multidão.
Na quarta-feira, autoridades na Áustria anunciaram a prisão de três simpatizantes do Estado Islâmico que estavam planejando um ataque suicida em um show de Taylor Swift.
Autoridades de segurança acreditam que os indivíduos foram radicalizados online, e preocupações com a segurança do evento levaram ao cancelamento de três shows de Swift.
Em sua avaliação de inteligência para a Convenção Nacional Democrata, o FBI e o DHS dizem que a ameaça terrorista mais significativa que o evento enfrenta vem de extremistas, “incluindo infratores solitários, que se envolvem em violência para promover uma ampla gama de crenças e queixas antigovernamentais, políticas, raciais, étnicas, religiosas, sociais ou ideológicas pessoais”.
As agências observam que grupos como a Al Qaeda e o Estado Islâmica “encorajaram ataques contra o Ocidente e alavancaram a mídia social para amplificar suas mensagens para inspirar ataques”.
“Acho que todos têm a sensação de que as ameaças são reais. Este não é um exercício universitário que estamos realizando. Estamos planejando possibilidades do mundo real”, disse Jeff Burnside, coordenador do Serviço Secreto para a convenção Democrata, anteriormente sobre os preparativos de segurança.
As tensões no Oriente Médio após o ataque terrorista do Hamas contra Israel no ano passado também podem alimentar preocupações com a segurança pública na próxima convenção em Chicago, afirma a avaliação.
Desde o ataque de 7 de outubro, a polícia observou um aumento nas ameaças às comunidades judaica, muçulmana e árabe nos EUA, “incluindo relatos de agressões físicas, ameaças de bomba e chamadas online para ataques com vítimas em massa”, diz a avaliação.
“À medida que a retórica violenta e a desinformação associadas ao conflito são compartilhadas online, continuamos preocupados com o potencial de violência direcionada denunciável motivada por queixas exacerbadas pelo conflito.”
Como a CNN relatou, manifestações recentes em todo o país contra o apoio do governo Biden à guerra de Israel em Gaza relembraram a convenção democrata de 1968, que viu confrontos violentos entre a polícia de Chicago e manifestantes contrários à Guerra do Vietnã.
Faltando pouco mais de uma semana para o início da convenção, as agências policiais de Chicago têm realizado exercícios sobre uma ampla gama de cenários potenciais — incluindo protestos violentos, retirada de indivíduos de multidões hostis, emergências médicas e muito mais.
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