O Grande Manual do Amor que dá Certo


Um grande amigo e leitor da coluna, certo dia me fez uma pergunta espinhosa:
“Você nunca vai falar de uma mulher feliz no casamento?”
Fiquei olhando para ele, minha cabeça funcionando no ritmo de um relógio de corda, tentando achar uma maneira de explicar algo tão claro quanto complexo: Toda, absolutamente toda mulher se casa para ser feliz.

Porém, dei uma resposta melhor. O texto que atenderia ao seu pedido tinha data para ir ao ar. Seria depois do dia 17 de agosto.

(Foto: Arquivo pessoal)

Nesse dia eu testemunharia a celebração de um amor fundamentado na lógica, portanto, poderia descrever a mulher feliz no casamento sem a demagogia dos textos sobre amor, que retratam o mesmo modelo da Disney, o amor de dorama, o romance de novela que toda mulher quer embarcar – e descobre tarde demais que ninguém leu O Grande Manual do Amor que dá Certo.

Essa mulher feliz no casamento tem nome: Poliana. O nome da menina mais feliz do mundo, eternizada na história literária por fazer o “Jogo Do Contente” e ver o lado positivo de tudo. Assim como a Pollyanna do livro de 1913, nossa Poliana também enxerga o mundo com a doçura de quem acredita no que há de bom nas pessoas.

No dia 17 de agosto, debaixo de um pôr de sol dourado à beira de um vale, Poliana andou por um corredor ladeado por flores brancas, olhando fixamente para um homem: Bruno, um cara que escolheu por missão salvar vidas. Usando um vestido que parecia tecido com nuvens sobre ela, uma única flor no cabelo, a luz que ela irradiava era um negócio extraordinário. As pessoas que testemunhavam aquele casamento não emitiam qualquer som, boquiabertas com a beleza daquela cena.

Sabe quando você assiste um musical, uma orquestra, uma ária de ópera ou a cantora interpretando sua música favorita? Quando você vê e ouve uma coisa tão incrivelmente bonita que a emoção transborda como choro? Pessoas que choram fácil conhecem bem essa emoção. Eu não choro fácil. Mas assim que Poliana apontou naquele corredor de mãos dadas com a mãe, a emoção que me tomou foi tanta, que as lágrimas fizeram um verdadeiro corredor no meu rosto, borrando a maquiagem preparada para o calor.

Poliana é a mulher feliz no casamento que meu amigo queria ler. Aquele brilho nos olhos não se disfarça, nem que se queira. Não é a emoção da cerimônia, não é a alegria de estar rodeada pelas pessoas que ama. Aquele é o brilho do amor que dá certo.

No Grande Manual do Amor que dá Certo existe apenas uma lição: fazer questão.

O casamento é um desafio tremendo, transformar em família alguém que você escolheu conviver. Todos os dias é preciso desejar profundamente fazer funcionar. Tem que ter paciência, tem que ter compreensão, tem que ter renúncia. Tem que ter uma fonte inesgotável de admiração, tem que cultivar a vontade de estar perto, tem que escolher proteger. Tudo isso se resume ao simples conceito de fazer questão.

Os casamentos terminam porque uma das partes deixa de fazer questão. Arestas que jamais são aparadas, mágoas cristalizadas, corações estoicos e pouco dispostos a se adaptar, a calibragem de expectativas que nunca acontece. Traumas ocupam espaço, e precisamos arrumar os móveis para que o outro caiba e se sinta confortável dividindo o cômodo com nossos fantasmas.

Caminhar ao lado é fazer questão. Quando duas pessoas escolhem fazer questão uma da outra, não há vendaval que derrube. É a casa de tijolos da fábula, é o castelo dentro da fortaleza. Nada abala a união de quem faz questão.

Queria poder sublimar na história a beleza daquele momento, tal qual estará gravado na minha memória. Poliana é a noiva que gostaríamos de guardar em uma redoma, para ter sua felicidade protegida para sempre.

Toda mulher casa para ser feliz, nenhuma se prepara para qualquer mudança nesse percurso. Mas mesmo aquelas que conheceram o gosto amargo de caminhar ao lado de quem não fez questão, vestem o que há de mais bonito, por fora e por dentro, para abençoar a união de outra mulher. Quando a mulher feliz aponta no corredor, mesmo os corações magoados batem em outra frequência, desejando numa prece silenciosa que o dissabor jamais conheça seu endereço.

A mulher feliz no casamento não é um mito. Ela não só existe, como está mais perto do que você imagina. Na paz de um lar onde reina o respeito, na segurança de adoecer e ser cuidada, na harmonia de dividir a vida sem que nenhuma parte carregue mais peso. Na cabeceira da cama repousam dois exemplares do Grande Manual do Amor que dá Certo. A redoma que lhes protege é essa pequena alegria cotidiana, a moeda que se ganha a cada vez que o outro faz questão. No final do dia, elas terão a maior de todas as fortunas.





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