O presidente russo, Vladimir Putin, montará uma contraofensiva para tentar retomar o território na região de Kursk capturado pelas tropas ucranianas, mas as forças russas encontrarão “uma luta difícil”, disse o vice-diretor da CIA, David Cohen, nesta quarta-feira (28).
Cohen disse numa conferência da indústria de segurança nacional que o significado da incursão ucraniana, que invadiu cerca de 777 km² da província russa, ainda não foi visto.
As forças ucranianas atravessaram a fronteira ocidental da Rússia até à região de Kursk, no dia 6 de agosto, numa ofensiva surpresa que continua ativa.
Embora Kiev tenha afirmado que não tem intenção de anexar a área que capturou, as tropas ucranianas estão construindo linhas defensivas e parece que pretendem reter “parte desse território por algum período de tempo”, disse Cohen na Cúpula de Inteligência e Segurança Nacional.
“Podemos ter certeza de que Putin montará uma contraofensiva para tentar recuperar esse território”, disse Cohen. “Acho que nossa expectativa é que seja uma luta difícil para os russos.”
Putin, disse ele, “não só terá de enfrentar o fato de que agora existe uma linha de frente dentro do território russo com a qual terá de lidar, como também terá de lidar com as repercussões na sua própria sociedade, que perdeu um pedaço do seu território”.
O sucesso da Ucrânia em Kursk “tem o potencial de mudar um pouco a dinâmica” do conflito “no futuro”, continuou ele, sem dar mais detalhes.
A Ucrânia reivindicou a captura de 100 colônias na sua incursão na região russa de Kursk, enquanto as forças russas continuam a avançar na região oriental de Donetsk.
Cohen disse que a Rússia tem obtido esses ganhos “a um custo extraordinário” em tropas e equipamentos e “pode ou não” capturar o principal centro logístico ucraniano de Pokrovsk.
“Mas, no final das contas, nada disso muda o jogo no sentido estratégico” para os russos, continuou ele.
Na terça-feira (27), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a guerra com a Rússia acabaria eventualmente em diálogo, mas que Kiev tinha de estar numa posição forte e que apresentaria um plano ao presidente dos EUA Joe Biden e seus dois potenciais sucessores.
Putin disse que qualquer acordo precisa começar com a aceitação da Ucrânia das “realidades no terreno”, o que deixaria a Rússia com a posse de pedaços substanciais de quatro regiões ucranianas, bem como da Crimeia.
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