O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs que Brasil, China e Índia atuem como mediadores em possíveis negociações de paz na guerra com a Ucrânia. No entanto, segundo o analista sênior de assuntos internacionais Américo Martins, a Ucrânia “vê essa declaração com ceticismo”.
De acordo com Martins, a postura cética da Ucrânia se deve principalmente aos posicionamentos favoráveis a Putin adotados pela China e pela Índia, especialmente no âmbito comercial. “São justamente as trocas comerciais, venda de petróleo, gás e outros produtos, da Rússia para a China e para a Índia, que dá condições para eles manterem o esforço de guerra”, explica o analista.
Papel do Brasil e futuras discussões
O Brasil, segundo Martins, tem um peso menor neste cenário, mas foi incluído na proposta de Putin devido às recentes manifestações do governo brasileiro. O analista lembra que o assessor especial para assuntos internacionais da presidência, Celso Amorim, esteve na China em maio, quando Brasil e China assinaram uma proposta de paz para a Ucrânia, que já naquele momento era vista com desconfiança pelos ucranianos.
Amorim deve retornar à Rússia na próxima semana para participar de um evento dos Brics em São Petersburgo, onde se espera que sejam discutidos temas de segurança, incluindo a guerra na Ucrânia. Este encontro pode ser crucial para entender o posicionamento desses países em relação ao conflito e às possíveis negociações de paz.
A proposta de Putin levanta questões sobre a eficácia de uma mediação por países que mantêm laços comerciais estreitos com a Rússia. A Ucrânia teme que esses interesses econômicos possam influenciar qualquer processo de negociação, comprometendo a imparcialidade necessária para alcançar uma paz justa e duradoura.