Ataque de Israel mata ao menos 66 palestinos em abrigo em Gaza, dizem médicos


Um ataque israelense matou pelo menos 30 palestinos e feriu outros 50 que estavam abrigados em uma agência dos correios no centro da Faixa de Gaza. A ofensiva elevou o número de mortos desta quinta-feira (12) no enclave para 66 pessoas.

Sem sinais de alívio no conflito de 14 meses, o ataque atingiu uma instalação postal no campo de Nuseirat, onde famílias deslocadas buscaram refúgio, e também danificou várias casas próximas, disseram médicos à Reuters.

O exército israelense não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Nuseirat é um dos oito campos históricos da Faixa de Gaza, originalmente para refugiados palestinos da guerra de 1948 em torno do estabelecimento de Israel. Hoje, faz parte de uma área urbana lotada de pessoas deslocadas de todo o enclave.

Mais cedo nesta quinta-feira, dois ataques israelenses no sul de Gaza mataram 13 palestinos que médicos de Gaza e o Hamas disseram que faziam parte de uma força protegendo caminhões de ajuda humanitária. O exército israelense disse que se tratavam de combatentes do Hamas tentando sequestrar a remessa.

Muitos dos mortos nos ataques a Rafah e Khan Younis tinham ligações com o Hamas, de acordo com fontes próximas ao grupo.

O exército israelense disse em um comunicado que os dois ataques aéreos tinham como objetivo garantir a entrega segura de ajuda humanitária e acusou os integrantes do Hamas de planejar e impedir que a ajuda chegasse aos civis de Gaza.

O comunicado disse que os integrantes do Hamas tinham como objetivo sequestrar a ajuda “em apoio à atividade terrorista contínua”.

Gangues armadas sequestraram repetidamente caminhões de ajuda, e o Hamas formou uma força-tarefa para enfrentá-los. As forças lideradas pelo Hamas mataram mais de duas dúzias de integrantes das gangues nos últimos meses, disseram fontes e médicos do Hamas.

O Hamas disse que os ataques militares israelenses mataram pelo menos 700 policiais encarregados de proteger caminhões de ajuda em Gaza desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023. O grupo acusou Israel de tentar proteger saques e “criar anarquia e caos para impedir que a ajuda chegue ao povo de Gaza”.

Separadamente, o exército israelense ordenou nesta quinta-feira que moradores de vários distritos no centro de Gaza que se retirassem, dizendo que responderia a foguetes lançados dessas áreas.

“Este é um pré-aviso antes de um ataque”, dizia uma declaração militar publicada no X. As ordens de retirada causaram uma nova onda de deslocamento. Dezenas de famílias saíram das áreas em direção ao centro da cidade.

Entenda os conflitos envolvendo Israel

No final de novembro, foi aprovado um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. Isso acontece após meses de bombardeios do Exército israelense no Líbano. A ofensiva causou destruição e obrigou mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra.

Além disso, deixou dezenas de mortos no território libanês.Assim como o Hamas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica são grupos radicais financiados pelo Irã, e, portanto, inimigos de Israel. A expectativa é que o acordo sirva de base para uma cessação das hostilidades mais duradoura.

Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.

Desde então, mais de 43 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva de Israel, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino. Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.

Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.

Detectar, interceptar: entenda como funciona o Domo de Ferro de Israel



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