Ataques aéreos israelenses em Gaza mataram pelo menos 50 palestinos nas últimas 24 horas, informaram autoridades de saúde palestinas nesta quarta-feira (21), enquanto os militares disseram que as tropas continuaram atacando combatentes e apreendendo armas e munições.
Em meio aos esforços diplomáticos de última hora para interromper a guerra de 10 meses entre Israel e o Hamas, os militares israelenses disseram que jatos atingiram cerca de 30 alvos em toda a Faixa de Gaza, incluindo túneis, locais de lançamento e um posto de observação.
Afirmaram ainda que tropas mataram dezenas de combatentes armados e capturaram armas, incluindo explosivos, granadas e rifles automáticos.
Os militares emitiram novas ordens de retirada na área altamente superlotada de Deir Al-Balah, no centro de Gaza, onde centenas de milhares de palestinos deslocados pelos combates buscaram abrigo.
As ordens, que os militares disseram ser necessárias para retirar os civis do que havia se tornado “uma perigosa zona de combate”, foram logo seguidas por disparos de tanques, com pelo menos uma pessoa morta e várias feridas por tiros de metralhadora, disseram médicos e moradores.
O conflito continuava enquanto o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, encerrava sua mais recente visita ao Oriente Médio sem nenhum sinal claro de que um acordo para pôr fim aos combates está à vista.
O que está em jogo nas conversas que Blinken teve com os líderes dos mediadores do cessar-fogo, Egito e Catar, bem como em Israel, é o destino da pequena e lotada Gaza, onde a campanha militar de Israel já matou mais de 40.000 pessoas desde outubro, de acordo com as autoridades de saúde palestinas, e dos reféns remanescentes mantidos lá.
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro do ano passado, quando homens armados do Hamas invadiram comunidades e bases militares israelenses, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando cerca de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.
Para os desabrigados que ficaram expostos em Deir Al-Balah, a falta de progresso em direção a um cessar-fogo agravou o sofrimento conforme eles procuravam um espaço longe dos combates.
“Para onde iremos? Para onde iremos?”, disse Aburakan, de 55 anos, uma pessoa deslocada da Cidade de Gaza, no norte do território, que teve que mudar de refúgio cinco vezes desde outubro.
“Sentimos que eles estão se aproximando. Moro a algumas centenas de metros das áreas ameaçadas e, desde o início da manhã, tenho procurado em vão por um espaço no oeste de Deir Al-Balah, Khan Younis ou Nuseirat”, afirmou ele à Reuters por meio de um aplicativo de mensagem.
“Infelizmente, podemos morrer antes de vermos o fim dessa guerra. Toda conversa de cessar-fogo é uma mentira.”
Autoridades palestinas e das Nações Unidas afirmam que a maior parte da população de 2,3 milhões de pessoas foi deslocada internamente pela ofensiva militar e pelos bombardeios contínuos de Israel que também arrasaram áreas construídas em todo o enclave.