O governo da Áustria disse nesta sexta-feira (13) que está oferecendo aos refugiados sírios um “bônus de retorno” de 1.000 euros para que voltem ao seu país de origem após a queda de Bashar al-Assad.
O chanceler Karl Nehammer reagiu rapidamente à queda de Assad no domingo (8), dizendo no mesmo dia que a situação de segurança na Síria deveria ser reavaliada para permitir deportações de refugiados.
Deportar pessoas contra sua vontade não é possível até que fique mais claro qual direção a Síria está tomando. Por enquanto, o governo da Áustria afirmou que se concentrará em deportações voluntárias.
Além disso, parou de processar os pedidos de asilo dos sírios, assim como mais de uma dúzia de países europeus.
Assim como muitos conservadores na Europa, Nehammer está sob pressão da extrema direita, com os dois grupos frequentemente parecendo tentar superar um ao outro em políticas de imigração.
Os sírios são o maior grupo de requerentes de asilo na Áustria, um Estado-membro da União Europeia.
“A Áustria apoiará os sírios que desejam retornar ao seu país de origem com um bônus de retorno de 1.000 euros. O país agora precisa de seus cidadãos para ser reconstruído”, destacou Nehammer em uma postagem no X.
Entretanto, como a transportadora nacional Austrian Airlines suspendeu os voos para o Oriente Médio por causa da situação de segurança, o bônus austríaco pode nem mesmo cobrir totalmente a viagem.
Uma passagem só de ida em classe econômica em um mês para Beirute, um ponto de partida comum para aqueles que vão por terra para Damasco, atualmente custa pelo menos 1.066,10 euros na Turkish Airlines, de acordo com o site da empresa.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
Quem é a família de Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de meio século