Centenas de pessoas fogem do norte de Gaza enquanto Israel prepara nova ofensiva


Dezenas de famílias no norte de Gaza empacotaram seus pertences e fugiram mais uma vez neste domingo (6) após um aviso do exército israelense de uma nova operação terrestre contra o Hamas na área de Jabalya.

“As pessoas deixaram suas casas esta manhã, e eles não sabem para onde ir, carregando alguns pertences simples. Não há meios de transporte”, disse Abu Alaa Asaf, um residente de Beit Lahiya.

Os militares israelenses pediram aos residentes palestinos que evacuassem áreas no norte, onde está o maior campo de refugiados de Gaza, antes de anunciar que duas brigadas das Forças de Defesa de Israel (IDF) cercaram Jabalya para impedir que o Hamas reconstruísse suas capacidades operacionais.

Antes disso, ataques aéreos foram realizados, atingindo “dezenas de alvos militares”, disse o exército israelense. A ala militar do Hamas, as Brigadas Al Qassam, disse no sábado (5) que estava envolvida em “lutas ferozes” com forças israelenses no norte de Gaza.

“Ouvimos os sons de explosões durante toda a noite, como se a guerra tivesse começado hoje,” disse Asaf.

Ismail Zaida, residente do bairro de Sheikh Radwan no norte, viu “centenas” de pessoas fugindo em direção à cidade de Gaza, também no norte de Gaza.

Alguns residentes do norte estão se recusando a mudar para Al-Mawasi, uma zona humanitária designada por Israel no sul. No mês passado, Israel atacou a área, matando pelo menos 19 pessoas, de acordo com autoridades sanitárias de Gaza.

“As pessoas preferem morrer em casa do que serem humilhadas aqui e ali”, disse Zaida.

“Para onde vamos? De uma morte para outra? A morte está em toda parte, seja no sul ou no norte”, disse Zaida.

Entenda o conflito na Faixa de Gaza

Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses.  Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.

O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.

Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada. A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.

Após cerca de um ano do conflito, a população israelense saiu às ruas em protestos contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados.



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