O coronel do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, que está preso no 44º Batalhão de Infantaria Motorizada, em Cuiabá, acusado de financiar o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em 2023, pediu a substituição da prisão preventiva por domiciliar devido a um quadro de saúde grave, que inclui câncer na boca, problemas cardíacos e outras complicações.
Leia mais: Advogado Roberto Zampieri foi executado com 10 tiros em Cuiabá; entenda dinâmica
O militar chegou a ocupar o cargo de subsecretário de Integração de Segurança Pública do governo de Romeu Zema, em Minas Gerais, em 2022.
Ele foi preso em Belo Horizonte (MG), em dezembro de 2023, e transferido para Cuiabá em janeiro de 2024.
Etevaldo é apontado pela Polícia Civil como o financiador da morte de Zampieri e teria pagado R$ 20 mil antes do crime e prometido outros R$ 20 mil depois da execução.
Parte do dinheiro teria sido entregue a Antônio Gomes da Silva, acusado de ter disparado os 11 disparos que mataram o advogado na frente do seu escritório, no bairro Bosque da Saúde.
Outro envolvido é Hedilerson Barbosa, dono da pistola 9mm usada no assassinato. Esses dois homens confirmaram à polícia que o ex-coronel pagou pelo crime.
Etevaldo Caçadini foi indiciado por homicídio duplamente qualificado (‘emboscada’ e ‘mediante recurso que dificulte a defesa da vítima’) junto com Antônio Gomes da Silva (suposto atirador) e Hedilerson Barbosa (suposto intermediador e dono da arma usada no crime).
A defesa entrou com o pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), alegando que a permanência dele na prisão coloca sua vida em risco.
Até o momento, a Justiça não atendeu ao pedido, e tentativas de contato com a defesa para mais informações não foram respondidas.
Saúde em deterioração e falta de estrutura no presídio
De acordo com os advogados, o coronel enfrenta um câncer agressivo e outras doenças sérias, como:
- Problemas cardíacos, com necessidade de socorro médico em algumas ocasiões;
- Artroplastia no joelho, dificultando sua mobilidade;
- Problemas renais, com pedras nos rins;
- Perda significativa de massa muscular;
- Comprometimento da visão;
- Quadro de saúde mental debilitado.
A defesa sustenta que, diante da gravidade do estado de saúde de Vargas, a prisão domiciliar seria a única solução viável, já que o sistema prisional não consegue garantir sua sobrevivência.
O pedido cita o Artigo 318 do Código de Processo Penal, que permite a substituição da prisão preventiva pela domiciliar em casos de doença grave.
Entre as condições sugeridas para a prisão domiciliar estão:
- Monitoramento eletrônico;
- Proibição de usar redes sociais e telefones;
- Permissão para ser cuidado pela família;
- Acompanhamento por seu plano de saúde particular.
Além disso, a defesa argumenta que não há risco de fuga ou de interferência nas investigações, já que Vargas, em seu estado atual de saúde, não representa ameaça.
Justiça já negou pedido anterior
Em uma decisão anterior, a Justiça negou a liberdade, entendendo que a unidade prisional poderia manter sua saúde. No entanto, a defesa afirma que a situação só piorou e que o coronel agora depende de auxílio para se locomover, usando até mesmo equipamentos ortopédicos.
O caso agora aguarda análise do Tribunal de Justiça, que deverá decidir se concede ou não o pedido de prisão domiciliar. Enquanto isso, familiares e advogados seguem pressionando pela liberação, alegando que a cada dia de prisão, sua vida está em risco.
Zampieri: relembre o crime
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na capital. A vítima estava em uma picape Fiat Toro, quando foi atingida pelo executor, que fez diversos disparos de arma de fogo.
-
CNJ decide investigar desembargador de MT e mantém afastamento
-
Celular de advogado assassinado em Cuiabá leva à prisão de sobrinho do governador do Tocantins
-
Intermediador de venda de decisões judiciais é transferido de MT para Brasília
-
Carne assada e chocolate: lobista preso em MT tem direito a regalias
-
Lobista acusado de vender sentenças consegue carne assada na cadeia, mas não a liberdade
-
CNJ investiga juiz de MT que autorizou dieta com churrasco e chocolate a lobista preso