A ex-presidente da Argentina Cristina Fernández de Kirchner presta depoimento nesta quarta-feira (14) no julgamento da tentativa de homicídio contra ela em 1º de setembro de 2022, em frente ao seu apartamento, no bairro da Recoleta, na cidade de Buenos Aires, em que o brasileiro Fernando Sabag Montiel, sua namorada, Brenda Uliarte, e Gabriel Carrizo são acusados.
O caso, que foi levado a julgamento em 12 de junho de 2023, tem três réus: Sabag Montiel e Uliarte, acusados de serem “coautores de tentativa de homicídio duplamente qualificada por traição e participação premeditada de duas ou mais pessoas, agravada pelo uso de armas de fogo”, conforme consta da acusação formal, e Carrizo, um terceiro detido, identificado como participante secundário.
Durante a primeira audiência do julgamento realizada em 26 de junho, Sabag Montiel admitiu a sua intenção de assassinar o ex-presidente e esclareceu o papel da sua namorada, Uliarte, na tentativa de assassinato. “Eu queria matá-la e ela (Uliarte) queria que ela morresse, ela queria ser mais espectadora do momento do que participante”, declarou o arguido.
Na segunda audiência do julgamento, realizada no dia 3 de julho, Uliarte começou a depor, mas após alguns questionamentos o tribunal pediu a suspensão do depoimento.
A CNN entrou em contato com o advogado de Brenda Uliarte, Alejandro Cipolla, que detalhou o ocorrido na audiência. A defesa disse que Brenda foi “errática” durante seu depoimento e que “ela não foi localizada no tempo e no espaço, por isso o tribunal decide suspender o depoimento”. “Atualmente, Brenda está recebendo tratamento psiquiátrico do serviço penitenciário e há dificuldade de comunicação com ela”, explica Cipolla.
Questionado sobre como sua cliente se declara em resposta às acusações feitas pela Justiça, Cipolla lembra que a acusada negou sua participação no ocorrido. “Nas primeiras vezes que fui vê-la, ela me disse que não tinha nada a ver com isso”, acrescenta o advogado.
Nesse mesmo dia, Carrizo desabou ao prestar depoimento e pediu desculpas à ex-presidente. Durante seu depoimento, ele negou estar envolvido com a tentativa de assassinato contra a ex-presidente. “Você fala online sobre quem quer que seja, mas não pensei que acabaria envolvido nisso”, declarou.
Agora é a vez de Cristina Kirchner. A ex-presidente exige que seja investigada a suposta autoria intelectual de sua tentativa de assassinato. “É evidente que temos um julgamento contra a pessoa que teve a responsabilidade que foi vista na televisão, ou seja, o agressor, e as pessoas que o cercaram; mas ainda estamos confusos sobre o que o motivou e quem o financiou”, disse ele. disse um dos advogados da ex-presidente, José Manuel Ubeira, à Rádio Continental.
Nesse sentido, foi a própria ex-presidente quem se referiu ao aprofundamento dessa linha de investigação durante sua argumentação em outro julgamento realizado por associação ilícita e fraude contra o Estado, pelo qual foi condenada a seis anos de prisão. Porém, como a sentença ainda não é definitiva, a ex-presidente continua em liberdade.
“É muito claro para mim que ninguém pode pensar que aquela gangue planejou e idealizou a autoria intelectual do que fizeram comigo”, disse Kirchner.
A CNN está tentando entrar em contato com o advogado de Kirchner para saber mais detalhes sobre o depoimento desta quarta-feira.
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