Faixa é portal para a cracolândia do Marcos Roberto em Campo Grande


Faixa exposta na rua Bom Sucesso, uma das mais movimentadas da Vila Marcos Roberto, reflete a revolta de moradores da região. “Estamos abandonados pelo poder público. Bem-vindo à cracolândia onde o roubo de fio virou bom dia”, diz a mensagem.

Faixa instalada por moradores na rua Bom Sucesso. (Foto: Adriano Fernandes)

A faixa foi pendurada nesta sexta-feira (12), para protestar contra onde de furtos. Moradora na rua do Fujiyama, que fica a poucos metros do local onde a mensagem foi exposta, a atendente Lindinalva Gonçalves foi uma das pessoas que teve a residência invadida.

“Levaram lâmpada, fio e escada. Aqui foi só uma vez, mas a casa da minha irmã aqui do lado já foi roubada várias vezes. A minha vizinha da frente também foi roubada duas vezes. Ele teve que aumentar o muro, fechou toda a casa”.

Lindinalva Gonçalves, atendente.

A grande presença de usuários de drogas nas ruas do bairro, um problema crônico na região, aumenta a sessão de segurança. A faixa foi pendurada entre a rua do Himalaia e a avenida Presidente Ernesto Geisel, trecho onde a concentração dos moradores em situação de rua aumenta, especialmente durante a noite, conforme o aposentado Márcio Soares.

A distribuição de marmitas feita no endereço também atrai grande número de pessoas para o local, explica Márcio.

“Nós estamos abandonados aqui há muito tempo, tem roubo de fios, invasão. Pelo menos a faixa chama a atenção para essa situação”.

Márcio Soares, aposentado.

Já o mecânico Cicero de Moraes receia que a faixa acabe diminuindo o movimento na oficina em que ele trabalha.

“Pode acabar piorando a situação, por que quem vai querer trazer o veículo para consertar aqui? As pessoas se assustam, param de vir no bairro. Tem, sim, muito usuário nas ruas. Mas é só não mexer com eles, eles ficam na deles e a gente trabalha numa boa”.

Cicero de Moraes, mecânico.

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Faixa instalada por moradores na rua Bom Sucesso. (Foto: Adriano Fernandes)

Virou prisão

Diante da onda de crimes, os moradores reforçaram as medidas de segurança nas residências. Há câmeras, grades, concertinas e cerca elétrica em quase todos os imóveis próximos ao local em que a faixa foi instalada. Duas oficinas, duas garagens de veículos, uma empresa de segurança, um salão de beleza e um brechó estão entre os poucos estabelecimentos que resistem na vizinhança.

O que diz a Polícia Militar

Questionada pela reportagem a PM (Polícia Militar) informou que o patrulhamento preventivo é realizado diuturnamente na região, por meio do 10º Batalhão de Polícia Militar, bem como pelas unidades especializadas (Batalhão de Choque e BOPE).

“Rondas e abordagens de indivíduos e veículos em atitude suspeita ocorrem durante todo o dia e noite, bem como o atendimento das chamadas de emergência via 190. Assim, as viaturas estão constantemente em patrulha, em toda a nossa Capital, e em todo o estado”.

Polícia Militar.

A corporação também reforça a importância dos moradores registrarem os boletins de ocorrência, quando forem alvos de roubos ou furtos no bairro.

“Todo policiamento é realizado com base na análise de dados estatísticos, extraídos dos Boletins de Ocorrências e também dos atendimentos à comunidade local. Assim, é imprescindível que os moradores repassem esse tipo de informações sobre eventuais problemas, diretamente às equipes policiais ou registrem eventuais crimes na delegacia da região, de modo que os órgãos de segurança possam tomar conhecimento desses fatos e atuar de forma mais precisa. A ausência desse registro dificulta a atuação policial de modo a otimizar as regiões mais afetadas, ou quais pessoas e/ou comunidades estão com determinadas situações que necessitem uma atuação específica da PMMS. Independente destes dados, será feita uma análise da referida situação e, de modo a melhor atender melhor nossa população sul-mato-grossense”.

Polícia Militar.

A PM também salienta que, na semana passada, desencadeou a Operação Saturação II que tem como foco reforçar o policiamento ostensivo por toda a capital, com prioridade para a interceptação de veículos e abordagens a pessoas suspeitas, especialmente na região urbana do Anhanduizinho.

O que diz a prefeitura

Já a prefeitura de Campo Grande ressaltou que as questões de segurança pública são de competência das forças policiais. Contudo, o município informou que, nos últimos dois anos, a Guarda Civil Metropolitana tem contribuído e auxiliado de maneira mais efetiva as demais forças de segurança pública nas sete regiões de Campo Grande.

“Com rondas e patrulhamento preventivos diuturnos por meio de equipes em viaturas nos espaços públicos e logradouros da Capital como atribuições primárias”.

Prefeitura de Campo Grande.

Já no que se refere ao atendimento às pessoas em situação de rua, a prefeitura informou que as equipes do SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social) realizam abordagens constantes na Vila Marcos Roberto, “várias vezes ao dia”, ofertando os serviços da Assistência Social do município.

No entanto, muitos moradores em situação de rua rejeitam o atendimento. Vale lembrar que a Constituição Federal prevê que é ilegal a internação compulsória dessa população.

“Por fim, a Secretaria Municipal de Assistência Social enfatiza que o território do bairro Jóquei Clube e Jardim Nhá Nhá é de difícil acesso em virtude de questões de segurança por se tratar de uma área com alto índice de ocorrências de tráfico de drogas e pessoas ligadas a essas criminalidades. Sobretudo, a secretaria assegura que continua realizando as ações de forma contínua em busca de construir vínculos e posteriormente conseguir melhores resultados no atendimento social”.

Prefeitura de Campo Grande.





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