mãe clama por justiça após feminicídio da filha de 18 anos em MT


Dois meses após a morte de Juliana Valdivino da Silva, vítima de feminicídio aos 18 anos, pelo ex-namorado, Djavanderson de Oliveira Araújo, em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, a mãe dela, Rosicléia Magalhães da Silva, compartilha nesta segunda-feira (25) com o Primeira Página a dor e a expectativa de ver a justiça ser feita.

Juliana é natural do estado do Acre e teve 90% do corpo queimado pelo ex. Ela deu entrada no HMC (Hospital Municipal de Cuiabá) no dia 10 de setembro, no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 25 de setembro.

Juliana teve 90% do corpo queimado em Paranatinga. (Foto: Reprodução)

Mãe de Juliana, a professora Rosicléia Magalhães, relembra a alegria e os sonhos da filha que teve a vida abreviada por Djavanderson que não aceitava o término do relacionamento, conforme investigações da Polícia Civil.

“Minha filha era feliz, contagiava todos com seu jeito de ser, amava animais e tinha sonhos incríveis, entre eles de se formar em medicina veterinária. Sempre se esforçou por suas conquistas. Sou professora e alerto meus alunos principalmente meninas: ‘cuidado, não se deixe levar pelo pedidos de perdão, com o eu te amo falso’”, conta Rosicléia.

Segundo a Policia Civil, na época do crime, Djavanderson, de 20 anos, natural de Novo Progresso, acabou ferido após atear fogo na ex-namorada, e também foi internado na mesma unidade com queimaduras em 50% do corpo. Por força de mandado judicial, foi preso no dia 16 de setembro, mesmo internado no hospital.

Ele teria tentado simular um suicídio por não aceitar o fim de relacionamento de 3 anos. Porém, a polícia afirma que a versão apresentada era pouco provável.

“Aqui onde moramos todos pedem justiça pelo crime bárbaro cometido. Clamo todos os dias por justiça pela perda da minha filha”, destaca.

Djavanderson ( Foto: Reprodução
Djavanderson de Oliveira Araújo de 20 anos ( Foto: Reprodução

Relembre o caso

O crime foi no dia 9 de setembro em uma casa no bairro Ipê Florido em Paranatinga. As investigações apontam que o homem comprou R$ 13 de combustível e depois ateou fogo no corpo da jovem.

Uma parte do líquido teria respingado em seu próprio corpo, causando ferimentos graves nos dois.

Na época, a polícia declarou que ficou claro que se tratava de um crime de tentativa de feminicídio, diante da gravidade das lesões no corpo da vítima, e que posteriormente a própria Juliana relatou que o seu ex-companheiro jogou álcool e ateou fogo nela.

Ciúmes doentio

Ao Primeira Página, a mãe de Juliana, Rosicléia Magalhães da Silva, disse que eles namoravam há 3 anos e que o relacionamento tinha chegado ao fim há cerca de 3 meses. Conforme ela, a família mora em Porto Acre (AC) e os dois teriam se conhecido na escola.

“Eu queria afastar a Juliana dele, e tirei minha filha do Acre e enviei a Mato Grosso para manter distância. Ele nunca a tratou mal na minha frente, e ela também nunca reclamou de nada. Ela dizia que ele sempre a tratou muito bem, com muito carinho. O que existia da parte dele era muito ciúmes. Ele falava: ‘eu tenho que ter ciúmes, porque ela é muito linda. Tenho que cuidar’. Então era um ciúme doentio”.

Juliana e Incendio
Juliana foi vítima de tentativa de feminicídio. Ao lado, casa onde crime aconteceu (Foto: Reprodução)

Segundo a mãe, Juliana terminou o ensino médio e trabalhava em um frigorífico em Paranatinga. A jovem morava em um alojamento do trabalho. A mãe suspeita que o ex-companheiro tenha clonado o celular da vítima, já que trabalhava como técnico de celular e teria conhecimento de aplicativos de espionagem.

“Ela não queria mais o relacionamento. No começo da manhã do dia do crime, ela me ligou dizendo que não estava mais dando para ficar em Paranatinga porque o Djavanderson estava ‘perturbando’. Ela me disse que ia pedir uma medida protetiva, e eu falei para ela: pega a medida protetiva, mas também saia daí. Pode vir embora para o Acre”.

A investigação foi conduzida pela Delegacia de Paranatinga com apoio da Delegacia Especializada de Mulher de Cuiabá. Segundo a Polícia Civil, ao ser informado sobre a prisão, Djavanderson não manifestou nenhum arrependimento do crime.

O criminoso

O autor do crime aguarda o julgamento que deve ser realizado no início do ano de 2025.

De acordo com a Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública), a prisão preventiva foi cumprida pela Polícia Civil no dia 16 de setembro, com apoio da Delegacia Especializada de Mulher de Cuiabá.

O autor do crime teve o mandado de prisão decretado pela Comarca de Paranatinga, sendo a ordem judicial cumprida no Hospital Municipal de Cuiabá.

inquérito da Delegacia da Polícia Civil de Paranatinga foi encaminhado ao Poder Judiciário no dia 26 de setembro de 2024.

Djavanderson foi indiciado pelos crimes de homicídio qualificado em feminicídio, violência psicológica e perseguição.

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