MP-SP apura denúncia de supostos desvios de dinheiro na Igreja Bola de Neve

CNN Brasil


O Ministério Público de São Paulo apura um suposto desvio de dinheiro por parte da ex-diretoria que ocupava a liderança da Igreja Bola de Neve. A CNN teve acesso ao documento nesta quinta-feira (19). 

Segundo a denúncia, feita ao MP por Denise Seixas, que é viúva do apóstolo Rina, fundador da igreja, que morreu após um acidente de moto em novembro, Everton César Ribeiro, Gilberto Custódio de Aguiar, Renê Guilherme Koerner e Rodrigo Arruda Bicudo realizaram ações suspeitas após assumirem a presidência da Bola de Neve, como movimentações financeiras na conta de Rina, bem como utilizar empresas de fachada para prestação de serviços à Bola de Neve, emitindo notas fiscais milionárias, além do uso de um documento confidencial assinado por Denise e pelo apóstolo Rina, no qual a viúva renunciaria à vice-presidência, para justificar ações administrativas dentro da instituição.

Nesta última quarta (18), a Justiça de São Paulo (TJSP) confirmou a decisão em primeira instância que determinava que a pastora Denise Seixas, ocupasse o cargo de liderança da igreja Bola de Neve.

Ainda no pedido ao MP, a nova presidente da igreja pede que seja determinado que os quatro requeridos não atuem mais em seu nome, seja por procurações, movimentação de contas bancárias ou manifestações públicas que representem a Bola de Neve.

Segundo o pedido, no dia 25 de novembro, mesmo após Denise assumir a presidência da igreja, os quatro denunciados convocaram um ato solene para instalar uma nova gestão na igreja, além de moverem um processo contra ela, alegando esbulho (quando há privação total e ilegal da posse de um bem), turbação (quando há privação parcial e ilegal do bem) e ameaça.

Empresas suspeitas

Entre as empresas que constam no documento enviado ao MP, estão a SIAF Solutions, Green Grid Energy e a Filhos do Rei Serviços de Conservação, ambas possuem vínculos com os denunciados e realizaram movimentações milionárias envolvendo a igreja. Veja abaixo:

  • SIAF Solutions: Empresa registrada em nome e endereço de Everton Cesar Ribeiro. Controlava a arrecadação de dízimos com taxas de 3-5%, totalizando R$ 492 mil.
  • Green Grid Energy: Empresa recém-criada, também em nome de Everton, responsável por serviços de consultoria financeira à igreja, declarou faturamento de R$ 6 milhões.
  • Filhos do Rei Serviços de Conservação: Tem como sócia Kelly Cristina Ribeiro Bettio, irmã do Requerido Everton Cesar Ribeiro. Emitiu notas fiscais no valor de R$ 1,4 milhão, porém o endereço registrado como a sede da empresa, é uma residência, onde desconhecem a existência da tal empresa.

Alterações em Registro Civil

Ainda no documento obtido pela CNN, constam mudanças realizadas no registro da igreja pelos quatro requeridos, além da nomeação de um novo presidente.

Um dos trechos diz que no dia 26 de novembro, o denunciado Gilberto Custódio de Aguiar pediu uma alteração em cartório da certidão de óbito do apóstolo Rina, onde tentou tirar o nome de Denise como a esposa de Rina, para impossibilitar ela de assumir a presidência.

Pedido de divórcio

Antes da tragédia com o apóstolo acontecer, Rinaldo e Denise já estavam em processo de divórcio.

Em setembro de 2024, a pastora se posicionou pela suspensão do processo de separação, em razão de um acordo entre as partes. No entanto, com a morte de Rina, o processo foi extinto, sem a necessidade de resolução.

Segundo o advogado Anderson Albuquerque, que defende Denise, a diretoria da organização religiosa teria tido acesso ao processo de separação confidencial entre ela e o apóstolo Rinaldo e, a partir do documento, alegado que a viúva teria renunciado a liderança da igreja. Por a tratativa não ter sido levada a juízo posteriormente, ela perde-se a validade.

Na decisão do TJSP, o acordo de separação consensual entre ambos perdeu os efeitos, inclusive quanto à renúncia feita por Denise ao cargo de vice-presidente da Igreja Bola de Neve. Antes do falecimento, o casal também estaria tentando reatar o casamento.

Reintegração de posse em sede da igreja

Na última quinta-feira (12), em uma primeira decisão da briga judicial entre a diretoria da Bola de Neve e a pastora Denise, o TJSP havia expedido um mandado de reintegração de posse da igreja, após a instituição alegar que Denise invadiu a sede da organização religiosa há cerca de duas semanas.

O que diz a Bola de Neve

Procurada, a igreja Bola de Neve afirmou que sobre as denúncias relativas à administração financeira, “sua gestão está totalmente de acordo com a legislação e boas práticas de conformidade”.

Ainda em nota, a instituição disse que “há mais de uma década as contas da organização são auditadas anualmente e aprovadas sem restrições por empresa multinacional cuja expertise e seriedade são reconhecidas pela qualidade e regularidade dos serviços prestados”.

“A divulgação de dados, valores de pagamentos e quaisquer outras cláusulas contratuais é ilegal e fere o sigilo financeiro estabelecido pela Constituição Federal. A Igreja está à disposição, se necessário, para prestar todos os esclarecimentos às autoridades competentes”, finalizou. 

Procurado, o Ministério Público do Estado de São Paulo afirmou em nota que o caso corre em segredo de Justiça.



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