O professor de Relações Internacionais Leonardo Trevisan, em entrevista à CNN, analisou o complexo papel dos Estados Unidos nas negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Trevisan destacou os diversos fatores que influenciam a posição americana neste delicado cenário geopolítico.
Segundo o especialista, os EUA enfrentam um “equilíbrio no fio da navalha” devido à forte influência da opinião israelense dentro do país.
“São muito poderosos no Congresso, na mídia americana, na população americana”, afirmou Trevisan, ressaltando a importância de Israel como aliado estratégico dos Estados Unidos.
O professor apontou que o interesse em um cessar-fogo antes das eleições de 5 de novembro nos EUA é particularmente relevante para a vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris.
“Kamala sabe perfeitamente que ela fez declarações muito fortes e tem uma tremenda pressão da ala progressista para isso”, explicou Trevisan, citando como exemplo a recente renúncia da reitora da Universidade de Columbia devido a pressões relacionadas a manifestações pró-palestinas.
Trevisan também mencionou que tanto o Hamas quanto o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu estão cientes da necessidade política de Kamala em alcançar um acordo, o que pode influenciar suas posturas nas negociações.
Complexidades regionais e interesses divergentes
O analista abordou ainda a situação do Hezbollah, grupo militante xiita baseado no Líbano.
Apesar da retórica forte contra Israel, Trevisan acredita que o grupo pode ser mais contido em suas ações, lembrando o alto custo da reconstrução após a guerra de 2006 no Líbano.
Quanto ao Irã, Trevisan observou que o país enfrenta uma situação econômica complexa e depende cada vez mais do apoio chinês, tanto para vender petróleo quanto para adquirir insumos industriais bloqueados por sanções americanas. Esta realidade, segundo o professor, pode influenciar a postura iraniana no conflito.