O cenário político na Venezuela se intensifica com a convocação de Edmundo González, candidato da oposição nas eleições deste ano, pelo procurador-geral do país.
González deverá prestar esclarecimentos sobre um site que divulgou diversas atas eleitorais, levantando preocupações sobre possíveis represálias do governo de Nicolás Maduro.
Segundo Vitelio Brustolin, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), existe uma real possibilidade de González ser preso pelo governo Maduro.
“Antes dessas eleições, o Maduro prendia três opositores por dia. Depois das eleições, ele prendeu mais de dois mil e se orgulha de dizer que mandou essas pessoas para prisões de segurança máxima”, afirmou Brustolin.
Histórico de repressão e violações de direitos humanos
O especialista ressaltou que 27 pessoas morreram nestas eleições por se oporem ao governo Maduro, evidenciando um padrão de repressão política no país.
Brustolin também destacou que o governo Maduro já responde a um processo no Tribunal Penal Internacional desde 2017.
Em setembro de 2022, a ONU elaborou um relatório detalhando os crimes cometidos pelo governo Maduro.
Entre as violações apontadas estão: tortura, espancamento, asfixia, violência sexual, prisões arbitrárias, censura, repressão e violações generalizadas de direitos humanos.
Posicionamento do Brasil
O professor criticou a postura do governo brasileiro em relação à situação na Venezuela.
Ele lembrou que, quando Maduro visitou o Brasil no ano passado, o presidente Lula afirmou que o conceito de democracia é relativo.
“O governo brasileiro não pode dizer que não sabia o que acontecia na Venezuela”, enfatizou Brustolin, referindo-se aos crimes já documentados pela ONU.
A convocação de González pelo procurador-geral venezuelano levanta preocupações sobre a integridade do processo eleitoral e a liberdade de expressão no país.
A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos, enquanto cresce a apreensão sobre o futuro da oposição política na Venezuela.