A seca e os incêndios que atingem Mato Grosso trazem registros impressionantes de áreas queimadas e de desolação. Nessa quarta-feira (7) Grad (Grupo de Resposta a Animais em Desastres) enviou um ofício à ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, afirmando que os animais da região estão vivendo sob estado de emergência e solicitou uma intervenção urgente para práticas de dessedentação.
Vídeos e fotos feitos pelos voluntários mostram a situação de animais silvestres lutando para encontrar água em Poconé, a 104 km de Cuiabá.
O médico veterinário Enderson Barreto, que faz parte do Grad, gravou um vídeo mostrando a situação de uma anta atolada em meio a um pequeno poço no qual o animal tentou se hidratar.
O grupo denuncia que o monitoramento do número de animais mortos não tem sido feito pela Sema (Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso).
“Infelizmente, não temos o número fidedigno de quantos animais morreram”, aponta Enderson.
Em resposta ao ofício que pede intervenção, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) respondeu que há atuação de 270 profissionais que percorrem e monitoram as áreas já queimadas em busca de animais, realizando aporte nutricional (comida) e água para a fauna afetada.
A reportagem procurou a Sema (Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso), mas não obteve retorno.
Poconé em estado de emergência
O município de Poconé, a 105 km de Cuiabá, teve decretada situação de emergência devido à seca. O documento foi divulgado pelo governo de Mato Grosso nessa segunda-feira (5).
A Prefeitura de Poconé tinha declarado situação de emergência em 4 de julho. Segundo o decreto, a medida será válida por 180 dias.
A seca é classificada como desastre pela Cobrade (Classificação e Codificação Brasileira de Desastres).
O município está na região do Pantanal mato-grossense e também sofre com os incêndios florestais, que atingem a fauna e a flora. Conforme dados do ICV (Instituto Centro de Vida), foram registrados 125 focos de incêndio no Pantanal durante o mês de julho.
Queimadas em 2024
Dados recentes do programa BDqueimadas, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostram um aumento alarmante nos focos de queimadas no Brasil nos primeiros sete meses de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023.
- Mato Grosso do Sul teve aumento de 1.138 focos em 2023 para 5.354 em 2024.
- Mato Grosso subiu de 7.541 em 2023 para 11.242 em 2024.
Transporte da fumaça
Os ventos em 850 hPa, aproximadamente 1.500 metros acima do nível do mar, tem papel crucial.
A Cordilheira dos Andes atua como uma barreira natural, alterando os padrões de vento e direcionando a fumaça para o Sudeste, afetando áreas como o Sudeste e Sul do Brasil.
O Andes acaba bloqueado a umidade vinda do pacífico, o que contribui para seca durante o inverno no continente. Essa seca aumenta a possiblidade de queimadas, que consequentemente são transportadas pelos ventos.
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