As aves são um espetáculo à parte na natureza, pois embelezam o céu e entoam melodias que compõem a grande orquestra da natureza. Pensando nisso, vamos falar sobre possíveis novas espécies que estão surgindo no Brasil e que, com estudos, podem ser incluídas no catálogo brasileiro de aves.
Vale destacar que entre as quase 2 mil espécies de aves que existem no Brasil, algumas consideradas subespécie, ou seja, divisão de alguma espécie já existente, são fortes candidatas a serem reconhecidas oficialmente como novas aves em breve.
Na maioria dos casos, se tratam de populações de aves isoladas geograficamente de outras. Esse isolamento antigo resultou em diferenças no canto, na genética e, em alguns casos, até na aparência.
1 – Uru-do-Nordeste.
A subespécie existe apenas nas florestas do Nordeste. Devido ao longo isolamento geográfico, os Urus-do-Nordeste apresentam algumas diferenças: são mais amarronzados, possuem discretas listras claras na cabeça, apresentam um pescoço mais estriado e podem ser menores em relação aos Urus da Mata Atlântica.
No passado, a ave Uru-do-Nordeste que parece uma galinha, foi descrita como uma espécie independente, mas pesquisadores rebaixaram seu status para subespécie devido à baixa qualidade do único espécime disponível para análise.
Com o avanço dos estudos genéticos, há possibilidade de que essa ave seja reconhecida como uma espécie diferente. Independentemente da classificação, a população nordestina do Uru está altamente ameaçada de extinção, principalmente devido ao desmatamento e à caça ilegal.
2 – Curutié-do-Araguaia
O Curutié-do-Araguaia, descoberto em 1999 pelo biólogo Dante Buzzetti, é uma ave endêmica da bacia do Rio Araguaia. Possui uma aparência muito semelhante à do Curutié-comum, apresentando olhos vermelhos, bico acinzentado e detalhes específicos na plumagem.
O habitat preferido dessa espécie de ave são as ilhas fluviais e arbustos ao longo do rio Araguaia. Apesar de ser claramente uma ave nova para a ciência, ainda não foi oficializada. A publicação de um estudo detalhado será necessária para reconhecer sua situação.
3 – Saíra-militar
Ave extremamente bela e colorida, conhecida como subespécie cearense, habita exclusivamente as serras de Baturité e Aratanha, no Ceará. Além do isolamento geográfico, a principal diferença morfológica dessa população está na coloração azul das penas próximas à cauda.
Estudos futuros poderão confirmar se essa variação justifica a classificação como uma espécie independente.
4 – Tovaca-campainha
A Tovaca-campainha é outro exemplo de ave com populações isoladas nas florestas nordestinas. Encontrada em toda a Mata Atlântica, algumas populações dessa espécie, isoladas há muito tempo, apresentam pequenas diferenças na vocalização.
No entanto, apenas estudos mais detalhados vão confirmar se essas variações são suficientes para as classificar como uma nova espécie. Essas populações enfrentam grande risco de extinção, sobrevivendo principalmente nas poucas florestas da Serra de Baturité e em algumas regiões de Alagoas.
5 – Tucaninho-da-Serra
O Saripoca-de-Gould, conhecido na Serra de Baturité como “Tucaninho-da-Serra”, também chama a atenção. Essa população é a única representante da espécie no Nordeste.
No passado, chegou a ser tratada como uma subespécie distinta, “baturitensis”, mas um estudo da década de 1990 descartou essa hipótese, alegando que as diferenças na plumagem entre a população amazônica e a do Ceará representavam apenas uma variação geográfica.
Mesmo assim, o Tucaninho-da-Serra continua sendo observado de perto pelos pesquisadores.
6 – Grilinho-de-Caxias
Outra ave com potencial para ser oficializada como nova espécie é o Grilinho-de-Caxias, pertencente ao gênero “Myiornis”. Descoberto em 2012 esse pássaro foi encontrado na região de Caxias, no Maranhão.
Sua vocalização peculiar, que lembra mais o som de um grilo do que o de uma ave, lhe rendeu o apelido. Atualmente, um estudo está em andamento para reconhecer a descrição da espécie, esclarecer sua relação com outras aves do mesmo gênero e confirmar sua posição taxonômica.
7 – Miudinho
O Miudinho (“Myiornis auricularis”), encontrado nas florestas de Pernambuco, também é uma possibilidade de nova espécie devido ao isolamento geográfico. No entanto, essa é uma hipótese a ser considerda e depende de análises genéticas para ser confirmada.
