Rosivaldo Silva Nascimento, Maikon Douglas Gonçalves Roda, Ana Claudia Silva, Lucas dos Santos Justiniano, Adrian Ray Rico Lemes da Silva e Rosicléia da Silva foram denunciados à Justiça por sequestro e morte das irmãs Rayane Alves Porto e Rithiele Alves Porto.
A denúncia foi ofertada pelo MPMT (Ministério Público de Mato Grosso) nessa quarta-feira (9). Os crimes ocorreram no dia 14 de setembro deste ano, em Porto Esperidião a 358 km de Cuiabá.
O grupo deve responder pelos crimes de organização criminosa, tortura, sequestro mediante resultado morte, no caso das irmãs, e lesão grave em relação à vítima Roebster Alves Porto. A denúncia inclui ainda Matheus da Silva Campos, que vai responder por organização criminosa e tortura.
Segundo o MPMT, os denunciados são pessoas ligadas a uma facção criminosa e tomaram conhecimento de uma postagem em rede social na qual as vítimas Rithiele, Rayane e Roebster aparecem fazendo um gesto com as mãos. Na visão dos denunciados, tal gesto seria uma alusão a uma facção criminosa rival.
“Por esse motivo, os denunciados se associaram para forçar as vítimas a comparecerem ao chamado “tribunal do crime” e lhes aplicarem um “salve”. Essas expressões referem-se à prática de submeter pessoas a uma espécie de julgamento interno da facção criminosa, onde se avalia se as vítimas agiram em desacordo com os interesses da organização”, diz um trecho da denúncia.
Ainda segundo o MPMT, para concretizar o plano criminoso, o grupo contou com a participação de pelo menos oito adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, que também já foram alvos de representação pela prática dos atos infracionais.
A atuação criminosa foi monitorada por meio de chamada de vídeo por outro indivíduo, que exercia a função de liderança do grupo.
O crime
Rayane Alves Porto, 25 anos, que era candidata a vereadora pelo PSD, e Rithiele Alves Porto, 28 anos, influencer com mais de 80 mil seguidores nas redes sociais, foram assassinadas durante a madrugada, após saírem de uma festa. As irmãs estavam acompanhadas de outros dois rapazes.
De acordo com o delegado Higo Rafael, da regional de Cáceres, as quatro vítimas foram rendidas pelos criminosos e obrigadas a seguirem para uma casa na região central da cidade.
No imóvel, as duas irmãs foram torturadas e mortas por meio de golpes de faca. Um dos rapazes também foi torturado, teve uma das orelhas e um pedaço do dedo cortado. Já o quarto jovem sequestrado conseguiu fugir correndo pulando o mudo da casa e pedir socorro.
“Eles pegaram as vítimas e uma festa na Beira Rio, na própria festa vasculharam os celulares das meninas e depois as conduziram para a casa. Chegando na casa, colocaram as vítimas em um quarto e foram retirando uma por uma para torturar”, detalhou o delegado.
Mortes encomendadas
As investigações da Polícia Civil apontam para a possibilidade de o crime ter sido encomendado por um detento da PCE (Penitenciária Central do Estado), em Cuiabá. De acordo com o delegado, o criminoso passou as 3h comandando o crime por vídeochamada.
“Todos confessaram e, o mais importante, é que a todo momento estavam em vídeochamada com um preso da PCE. Cerca de 3 horas de tortura e eles permaneceram cumprindo o que esse preso determinava. Tudo comandado de dentro do presídio. Um dos que confessaram o crime, disse que elas já tinham sido decretadas pela facção”.
Em depoimento, o namorado de uma das vítimas – que conseguiu fugir – falou que a todo momento o preso dizia: “Essa vereadora quer tomar minha cidade”. Os criminosos, conforme o sobrevivente, apresentava falas desconexas.
O delegado afirmou que não há qualquer indício de que as vítimas tenham envolvimento com práticas ilícitas.
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