Os delegados Guilherme Pompeo e Edmundo Félix, de Nova Mutum a 269 km, afirmaram durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (25), que a personalidade de Romero Xavier, ex-marido da vítima, surpreendeu os investigadores.
Romero é apontado como mandante do assassinato de Raquel Cattani, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL). Ele foi preso na quarta-feira (24) na casa do sogro, onde estava hospedado. Romero chegou a participar do velório e sepultamento da vítima, com quem foi casado 10 anos e teve dois filhos.
“Isso [falta de arrependimento] nos surpreendeu. No local do crime, o entrevistamos e ele mostrou uma personalidade fria e calculista. Nessas situações, como no velório, verificamos que ele mantém essa conduta, essa personalidade de uma pessoa estrategista. Após a prisão, ele não demostrou remorso ou arrependimento. Não demonstra compaixão ou remorso pelo que ele fez com a vítima”.
Raquel tinha 26 anos e foi assassinada com 34 facadas pelo ex-cunhado Rodrigo Xavier. Conforme as investigações, o executor confessou aos policiais que recebeu R$ 4 mil pela morte e que, inclusive, já havia utilizado R$ 1,5 mil para dar entrada na compra de automóvel.
“A sola da bota usada por Rodrigo é da mesma marca que estava na televisão [quebrada na cena do crime]. Identificamos frascos de perfume e outros objetos que eram da vítima na sua residência. Ele disse que após o crime só dispensou a moto no outro dia, o que sugere que foi um crime a mando do irmão para matar a ex-esposa. Ele tinha a ordem de matar e receber esse dinheiro depois”, completou o delegado.
A relação entre os irmãos, conforme as investigações, não era próxima. A mãe dos acusados disse aos policiais que eles não tinham convivência e que Rodrigo tinha problemas com drogas e já havia tido passagens criminais.
“A mãe disse que um dos filhos era afastado da família por ter antecedentes criminais, e fazer uso de entorpecentes. Percebemos essa dinâmica de aproximação entre eles, e essa mudança de comportamento gerou desconfiança na polícia”.
Família não sabia de ameaças
Durante a coletiva, os delegados afirmaram que Raquel Cattani não havia dito aos pais que estava sendo ameaçada, no entanto, duas amigas confirmaram à polícia que a vítima estava com medo do ex-marido.
“Raquel era mais reservada, mas já havia falado da situação para algumas pessoas. Infelizmente, ela não havia comunicado aos próprios pais, e isso seu Gilberto Cattani e dona Sandra já falaram. Duas amigas confirmaram que ela disse estar sendo ameaçada nos últimos dias”.
Segundo o boletim de ocorrência feito por uma testemunha, no dia 15 de julho Raquel a procurou informando que tinha sofrido ameaças de morte por parte do ex-marido.
Romero, segundo o relato, teria dito à Raquel que se ela não ficasse com ele, a vítima não ficaria com mais ninguém.
A testemunha também contou que Raquel já planejava implantar câmeras de monitoramento na propriedade.
Ela ainda teria relatado que o ex-marido tinha a cópia das chaves da casa, já que Raquel não tinha trocado as fechaduras após a separação.
O assassinato de Raquel
Romero Xavier teria deixado o irmão dele, Rodrigo Xavier, nas proximidades da propriedade da vítima, onde o assassino confesso ficou escondido até por volta das 20h, quando ocorreu o crime na quinta-feira (18).
O plano começou na manhã do dia 18, quando Romero e Rodrigo se encontraram em Lucas do Rio Verde. Romero, que teria armado o crime, levou o irmão no próprio carro para Nova Mutum e o deixou escondido nas proximidades do sítio PH, de propriedade de Raquel Cattani.
O ex-cunhado de Raquel, Rodrigo, ficou à espera da vítima até ela chegar no sítio. Romero sabia da rotina de Raquel e, de forma planejada, havia retirado o casal de filhos da residência anteriormente.
Ao chegar no sítio, por volta de 20h da quinta-feira, Rodrigo já estava no local à espreita e atacou a vítima, que morreu no local. Segundo a perícia, foram 34 golpes de facadas.
Na sequência, Rodrigo levou alguns objetos da casa, quebrou a televisão e levou a moto da vítima com destino a Lucas do Rio Verde. Conforme a Polícia Civil, a cena foi montada para parecer que foi um crime patrimonial.
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