Tenho certeza que você já deve ter ouvido falar de várias receitas que prometem a recuperação milagrosa dos cabelos. Na internet o que não faltam são opções e o passo a passo de como fazê-las, mas será que realmente funcionam?
Água de arroz pode ajudar na hidratação do cabelo? A babosa realmente deixa o cabelo brilhante? Uma misturinha de café e óleo de rícino pode fazer milagre?
O Primeira Página tirou essas dúvidas com o cosmetólogo Pedro Henrique Guimarães, que também é Educador Internacional de uma empresa para produtos de cabelo. Ele explica os benefícios e malefícios de algumas substâncias.
1- Babosa
A babosa é sucesso já que possui ativos que podem impulsionar o tratamento dos fios.
“É considerada uma planta medicinal e possui propriedades hidratantes, cicatrizantes ,calmantes e até antifúngicas”, explica Pedro.
Existem várias maneiras de utilizá-la e entre as mais populares está a utilização da baba da planta nos fios para intensificar a ação. Para isso, a baba é raspada com a ajuda de uma colher, e misturada com um creme de tratamento, de preferência um que tenha propriedades nutritivas para potencializar a ação da babosa no cabelo.
“O gel obtido da retirada da mucilagem (parte de dentro da planta) também tem benefícios para o cabelo e couro cabeludo, já que ele é muito rico em vitaminas A, B,C, muitos polissacarídeos, e aminoácidos, sendo muito eficaz para o couro cabeludo e cabelos secos”, destaca o cosmetólogo.
Porém como toda planta, ela também tem riscos. O profissional alerta que o uso dela pura no cabelo ou na pele, quando ingerida ou aplicada em pele lesionada, podendo causar alergias, irritação na
pele e, se porventura for ingerida, pode causar até diarreia grave.
“É muito difícil que usando um ingrediente in natura em casa, nós consigamos separar os ativos irritativos ou sem benefícios para nós, e usarmos apenas o que fará bem. Aí, que entra a mágica da tecnologia e da química. Por esta razão, eu sou um defensor do uso de produtos cosméticos para trazer o benefício que procuramos: eles contém os ativos que são importantes e em peso molecular correto para que
o resultado aconteça”, defende.
2- Água de arroz
Uma receita caseira que tem circulado nas mídias sociais é o uso de água de arroz para obter
benefícios de fortalecimento e reparo para os cabelos. A verdade é que não há estudos científicos que comprovem sua eficácia e os especialistas não consideram a receita ideal para os fios.
“A ideia de usar água de arroz no cabelo é porque a proteína do arroz é hidrofílica: podemos observar que quando cozinhamos o arroz, ele retém e segura água – o que poderia melhorar a hidratação e brilho
dos cabelos. No entanto, ela tem um peso molecular muito grande e não consegue ser
absorvida pelo cabelo, pesando nos fios e até deixando os cabelos opacos”, explica Pedro.
Segundo o cosmetólogo, para que a água de arroz funcionasse, seria preciso que ela fosse processada industrialmente – quebrada em cadeias menores para que essas penetrem no fio e que sejam associadas a outros ativos para fixarem na estrutura interna do cabelo.
“O ideal é apostar em produtos leave-in ou máscaras capilares com essa proteína”, explica Pedro.
3- Alimentos nos fios: café, açúcar, mel, leite e etc.
O que não faltam são receitas com condimentos que encontramos na geladeira ou no armário da cozinha, mas o cosmetólogo grifa: o cabelo não possui sistema digestivo!
“Usar o café puro pode manchar os cabelos e a pele além de causar coceira e irritação, por
exemplo. O melhor caminho sempre é usar um produto cosmético, desenvolvido para este fim e
com estudo e testes de segurança e eficácia”, disse.
Outro exemplo, é o açúcar, que aparece em várias receitas como um esfoliante para o couro cabeludo, promete dar brilho e maciez e até agir como “alisante” porém, nada disso tem comprovação científica.
Especialistas em cabelos explicam que o ingrediente pode na verdade machucar o couro, já que é duro e não foi feito para isso e defendem que esfoliação deve ser feita com produtos criados especialmente para esse fim e fabricados por empresas que investem em pesquisa.
4- Óleos: Azeite de oliva, óleo vegetal, óleo de coco
Seguindo pela mesma linha dos alimentos, alguns óleos podem causar aos cabelos o efeito contrário do que se acredita.
“Óleos em natura, como o óleo de coco, por exemplo, são altamente comedogênicos, ou seja, obstruem os poros e em contato com o couro cabeludo, podem causar irritação e desencadear processos inflamatórios (se não forem próprios para o uso na pele ou no cabelo)”, explica Pedro.
O cosmetólogo explica ainda que esses óleos, que usamos na cozinha, como o nome diz, estão na sua forma livre, o que significa que não passaram por um processo de filtragem, ou preparo ideal para o cabelo.
“É como se a matéria prima estivesse ali, mas bruta, As proteínas estão no seu formato original, grandes e, por isso, acabam não sendo absorvidas pelo fio”, ressalta.
Quimicamente falando, um óleo é considerado uma mistura. Uma mistura, porque dentro de qualquer óleo vegetal existem várias coisas como água, ômegas (3, 6, 9… dependendo do óleo) proteínas, aminoácidos, carboidratos.
“No nosso organismo, essas matérias primas puras passam pelo nosso sistema digestivo para que sejam ‘quebradas’ em tamanhos menores, de forma que as estruturas químicas consigam ser absorvidas pelo nosso organismo. O cabelo não possui sistema digestivo então, precisamos entregar os ativos já processados para ele, para que penetrem, se não, ficarão apenas na superfície e, na primeira lavagem, tchau!”, destaca.
Em contrapartida, Pedro reverbera que a umectação com óleos capilares para recuperar o brilho e saúde do fio realmente funciona e é excelente, principalmente para cabelos secos e opacos.
5- Chapinha e papel alumínio
A repolarização capilar ganhou notoriedade na internet nos últimos meses e pode ser um perigo para a saúde do cabelo. A promessa é a restauração do fio utilizando uma chapinha coberta em papel alumínio no cabelo molhado e com máscara capilar, mas isso não acontece.
“Vale lembrar que máscaras não possuem proteção térmica e jamais deve-se usar ferramentas
de calor sem um protetor”, alerta Pedro.
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