Entenda o caso dos filhotes de onça mortos carbonizados no Pantanal


A foto das duas onças-pintadas carbonizados no Pantanal viralizou nas redes sociais. Inclusive, o Primeira Página publicou o caso nesta segunda-feira (5). O biólogo e fotógrafo Gustavo Figueirôa deu mais detalhes sobre a verdade por trás da imagem. Assista o vídeo abaixo:

Segundo o profissional, a morte é real, ou seja, os dois filhotes realmente morreram carbonizados na região sul do Pantanal. Porém, os animais não foram encontrados no tronco da árvore, como aparece na foto viralizada. 

“Eu vim trazer algumas informações sobre essa foto e esclarecer o que aconteceu de verdade. Infelizmente, esses dois filhotes de onça-pintada foram encontrados carbonizados, só que não foi nessa árvore aqui não. Eu estou aqui nessa região onde essas oncinhas foram encontradas, combatendo fogo há alguns dias, e conversei com pessoas que passaram por lá e viram essa cena também”. 

Gustavo Figueirôa

Foto dos filhotes de onça-pintada mortas carbonizadas na árvore. (Redes Sociais/Marcelo Melo)
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Ainda conforme Gustavo, havia mais um filhote de onça, além dos dois. 

“Provavelmente eram três filhotes da mesma fêmea. Quando o fogo passou, ela tentou retirá-los do local, tirando um por um, só que não deu tempo de tirar todos. E esses dois que ficaram para trás, infelizmente, foram carbonizados. E a gente imagina isso porque um funcionário aqui da base onde a gente está ficando foi até o local e viu batidas, pegadas bem pequenininhas, provavelmente do terceiro filhote. E isso realmente pode ter acontecido, porque quando o fogo passou a fêmea deve ter tentado tirar esses filhotes e não conseguiu tirar todos a tempo”. 

O biólogo reforça que a cena viralizada foi uma montagem. “Pessoas das fazendas onde nós estamos sediados viram as fotos originais quando essas onças foram achadas. E as duas estavam no chão, uma ao lado da outra. Quem tirou essa foto aqui montou esse cenário, colocou as duas em cima da árvore pra foto ficar mais dramática. E isso é uma falta de respeito, não só com os funcionários e moradores da região aqui que estão combatendo esse fogo há semanas, incansavelmente, mas também com os próprios animais”. 

Para Gustavo, a cena não deixa de ser triste, mas não era preciso montar uma cena como essa que circula nas redes sociais.

“Montagem é irrelevante”

O fotógrafo Marcelo Melo, que publicou a foto das duas onças carbonizadas na árvore, editou a sua postagem nas redes sociais. Para ele, a montagem é “irrelevante”.

“Essa madrugada fomos investigar uma foto que anda circulando de dois filhotes de onças-pintadas carbonizados e infelizmente confirmamos que se trata de uma foto real tirada por um empreiteiro da Fazenda Entre Rios, tirada há dois dias. Não posso afirmar se existiu ‘montagem’, ou seja, que elas estavam nessa posição, mas do ponto de vista ambiental é irrelevante”. O fogo no Pantanal não é natural como defendem os negacionistas, ele destruí tudo e é causado pelo vírus-homem!”.

Ainda segundo a publicação de Marcelo Melo, o caso triste aconteceu em Aquidauana, município que fica a 136 km de Campo Grande.

Ibama se pronunciou

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) publicou uma nota sobre o resgate da fauna no bioma, e cita as onças carbonizadas. Leia abaixo o texto na íntegra:

O Ibama informa que atua no combate aos incêndios no Pantanal com equipe de brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e de servidores da Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas (DBFlo), somando mais de 270 profissionais do Instituto no combate do fogo.

A equipe responsável pelo resgate da fauna no bioma é formada por veterinários, biólogos e técnicos da área. A atuação no resgate de animais vítimas dos incêndios ocorre de duas formas: uma em conjunto com os brigadistas, e outra imediatamente após os incêndios, momento em que a equipe de especialistas percorre e monitora as áreas já queimadas em busca de animais, realizando aporte nutricional (comida) e de água para a fauna afetada.

Infelizmente, os incêndios tomaram grandes proporções. Estamos envidando esforços para que seja possível ter equipes de resgate e de salvamento em todas as áreas, inclusive com equipes volantes já neste mês de agosto.

O Ibama, em conjunto com outras instituições, apura a origem dos incêndios, se são criminosos ou não. A morte dessas onças, assim como de outros animais da fauna pantaneira que são vítimas dessa tragédia, levou as instituições parceiras e o Ibama a realocarem e redimencionarem suas equipes, com o objetivo de minimizar ao máximo a tragédia em curso.

Ibama





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