Venezuela: Oposição e governo convocam manifestações um mês após eleições


Nesta quarta-feira (28), completa-se um mês desde as eleições presidenciais na Venezuela, nas quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou vencedor o Presidente Nicolás Maduro, sem divulgar resultados detalhados das eleições por centros e mesas de votação.

Foram semanas de tensões; de denúncias de repressão; detenção de opositores, ativistas e jornalistas; de esforços de governos internacionais que até agora falharam e de protestos. E serão precisamente os protestos que marcarão mais uma vez a crise política no país: tanto a oposição como o partido no poder apelaram a mobilizações.

No dia 17 de agosto, tanto a oposição como o chavismo realizaram manifestações na Venezuela. No caso da convocação da oposição, o protesto massivo também foi realizado em diversas cidades ao redor do mundo.

Agora, depois de as autoridades terem validado o resultado da CNE e no meio da pressão judicial contra figuras dissidentes, especialmente o candidato Edmundo González, as marchas mostram o ritmo de um país atolado numa situação até agora sem solução.

A oposição aposta em mais uma mobilização massiva

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado convocou na segunda-feira (26) em vídeo um novo dia de protestos no país e no mundo para esta quarta-feira para defender o que dizem ser os verdadeiros resultados das eleições: o triunfo do seu candidato Edmundo González, ao contrário aos resultados anunciados pelas autoridades.

“As atas matam a sentença”, disse Machado no vídeo da convocação em suas redes sociais, criticando a decisão da Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), que na semana passada validou o resultado da CNE que declarou Maduro vencedor. Tanto o TSJ como a CNE são chefiados por funcionários ligados ao chavismo.

Sem apresentar provas nem detalhar em que consistia a sua perícia, o TSJ declarou válidos os seus resultados, algo que tem sido criticado pela oposição que alega fraude, e por grande parte da comunidade internacional que solicita a publicação detalhada dos resultados.

“É por isso que nos vemos nesta quarta-feira, 28 de agosto, nas ruas. Um mês depois da nossa gloriosa vitória de 28 de julho, quando votamos, vencemos e recolhemos nossos recordes que demonstram a vitória esmagadora de Edmundo González”, indicou Machado em seu vídeo.

“(As autoridades) não apresentaram qualquer papel e correram para se esconder atrás do seu TSJ, submetido à tirania, que não tem vela neste funeral, para lavar a cara da sua fraudulenta CNE”, disse Machado.

Até segunda-feira, nem a CNE nem o TSJ tinham comentado publicamente as acusações de Machado. A CNN está trabalhando para obter comentários sobre o assunto.

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas • 29/02/2024 REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria

Partido no poder reitera resultado da CNE

O primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Diosdado Cabello, informou na segunda-feira em entrevista coletiva que o chavismo sairá às ruas nesta quarta-feira para comemorar o primeiro mês do que chamou de “a grande vitória popular de 28 de julho” com a reeleição de Maduro.

Cabello também reagiu às declarações do reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Juan Delpino, que reconheceu na segunda-feira irregularidades no dia das eleições na Venezuela que teriam comprometido o resultado apresentado pela CNE.

“Um homem, de sobrenome Delpino, que é o reitor titular, sim, deixou o cargo, e serão aplicados a ele os procedimentos previstos na Constituição e na lei”, disse Cabello. “Cabe à Assembleia Nacional aproveitarmos a presença do nosso presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, porque cabe à nomeação e destituição dos funcionários que, por jurisdição, correspondem ao Conselho Nacional Assembleia, e no caso dos reitores da CNE, é da responsabilidade da Assembleia Nacional, mas também, neste caso, Senhor Presidente, sugiro que seja uma questão de poder moral.”

Esta segunda-feira, o site do CNE, que estava fora do ar desde o dia das eleições, voltou ao ar momentaneamente, sem publicar os resultados detalhados das eleições por centros e estações de voto. A entidade afirmou em comunicado que o faria “dentro da lei”, conforme solicitado pelo TSJ na sua resolução que validou a controversa vitória de Maduro. Mas poucas horas depois, na mesma noite de segunda-feira, o CNE voltou a reportar, sem apresentar provas, que o seu site foi alvo de um ataque cibernético, que voltou a afetar o acesso dos servidores.

Este novo ataque, segundo a CNE, ocorreu “contra os centros de divulgação, onde está alojado o site oficial”, noticiou o canal estatal VTV.

Assim, já faz também um mês que a página da autoridade eleitoral continua sem funcionar.

Edmundo González na mira do Ministério Público

Edmundo González Urrutia não compareceu à segunda convocação do Ministério Público da Venezuela (MP) na terça-feira (27). Minutos antes do momento do comparecimento, a Plataforma Unitária Democrática denunciou o “assédio judicial” a que é submetido González Urrutia em uma publicação no X.

“As reiteradas intimações do Ministério Público procuram justificar uma ordem de execução contra o nosso candidato vencedor, para acentuar a sua perseguição”, detalhou a mensagem publicada na rede social.

O Ministério Público convocou González Urrutia pela segunda vez na terça-feira em relação à investigação sobre a publicação da página RESULTADOSCONVZLA.COM, na qual a oposição afirma haver cópias de mais de 80% das atas que suas testemunhas compilaram em centros de votação e que, segundo o Procurador-Geral da Venezuela, William Tarek Saab, o site “usurpou a qualidade e competência que só corresponde ao Poder Eleitoral Venezuelano”.

González Urrutia disse num vídeo publicado domingo na sua conta X que a primeira convocação, à qual não compareceu esta segunda-feira, carecia de “garantias” de independência e do devido processo.

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