Justiça da França decide sobre russo dono do Telegram nesta quarta-feira


Juízes investigativos franceses devem decidir, nesta quarta-feira (28), se colocarão o bilionário russo dono do Telegram, Pavel Durov, sob investigação formal após sua prisão como parte de uma investigação sobre crime organizado no aplicativo de mensagens.

A prisão de Durov após ele pousar em um aeroporto perto de Paris em um jato particular na noite de sábado (24) colocou os holofotes sobre a responsabilidade criminal dos provedores de aplicativos e alimentou o debate sobre onde termina a liberdade de expressão e começa a aplicação da lei.

A decisão dos juízes é esperada para 15h, horário de Brasília, 96 horas — ou quatro dias — após Durov ter sido detido, o período máximo pelo qual ele pode ficar detido antes que decidam se o colocarão ou não sob investigação formal.

O site Politico reportou que as autoridades francesas também emitiram um mandado de prisão para o irmão de Durov, Nikolai, que é cofundador do Telegram, e que os mandados visando ambos os irmãos foram emitidos em março.

Questionado sobre essa reportagem, a promotoria de Paris disse que não comenta sobre mandados de prisão porque eles são cobertos pelo sigilo da investigação. Nesta fase, a única pessoa sendo questionada neste caso é Pavel Durov, disse.

A prisão de Durov também colocou em evidência o relacionamento difícil entre o Telegram, que tem cerca de 1 bilhão de usuários, e os governos.

O presidente Emmanuel Macron, que com sua equipe usa o Telegram para se comunicar, almoçou com Durov em 2018 como parte de uma série de reuniões que o líder francês teve com empreendedores de tecnologia, disse uma fonte próxima a Macron.

Ser colocado sob investigação formal na França não implica culpa ou necessariamente leva a julgamento, mas indica que os juízes consideram que há o suficiente no caso para prosseguir com a investigação. As investigações podem durar anos antes de serem enviadas a julgamento ou arquivadas.

Pavel Durov, fundador e CEO do Telegram • Manuel Blondeau/ Corbis via Getty Images

Se Durov, que está sob custódia policial desde sua prisão, for colocado sob investigação formal, os juízes também decidirão se o colocarão em prisão preventiva. Um dos fatores que eles considerarão é se ele poderia tentar fugir.

Uma fonte da promotoria de Paris disse que uma atualização sobre a investigação provavelmente seria divulgada na quarta-feira à noite.

Investigação

A investigação geral está, nesta fase, direcionada contra pessoas não especificadas.

O foco está na suspeita de cumplicidade em crimes, incluindo a administração de uma plataforma online que permite transações ilícitas; posse de imagens de abuso sexual infantil; tráfico de drogas; fraude; recusa de repassar informações às autoridades; e fornecimento de serviços criptográficos a criminosos, disseram os promotores.

A promotoria não informou de qual crime ou crimes o próprio Durov pode ser suspeito.

O advogado francês de Durov não respondeu aos repetidos pedidos de comentários da Reuters por e-mails e telefonemas.

Em uma declaração na segunda-feira, o Telegram disse que cumpria as leis da União Europeia e que sua moderação estava “dentro dos padrões da indústria e em constante melhoria”.

“O CEO do Telegram, Pavel Durov, não tem nada a esconder e viaja frequentemente pela Europa”, disse. “É absurdo alegar que uma plataforma, ou seu proprietário, são responsáveis ​​pelo abuso dessa plataforma.”

Diante de acusações da Rússia, e também de Elon Musk, sobre a supressão da liberdade de expressão com a prisão de Durov, Macron tomou a atitude incomum na segunda-feira de emitir uma mensagem no X sobre o que ele disse serem “informações falsas”.

A França, disse ele, estava comprometida com a liberdade de expressão e a independência do judiciário, que, segundo ele, decidiu sozinho prender Durov.

Uma fonte próxima ao assunto reiterou nesta quarta-feira que Macron e seu governo não tiveram nada a ver com a prisão.

O Ministério das Relações Exteriores não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre uma reportagem do Wall Street Journal dizendo que autoridades francesas e dos Emirados Árabes Unidos hackearam o telefone de Durov em 2017. Durov tem cidadania francesa desde 2021.



Fonte do Texto

VEJA MAIS

Pelo menos 22 imigrantes morrem após naufrágio em Madagascar, diz autoridade

Pelo menos 22 pessoas morreram quando dois barcos com imigrantes naufragaram na costa de Madagascar,…

Em meio à guerra de facções, MT desmembra Segurança e anuncia convocação de profissionais; veja mudanças

O governador Mauro Mendes anunciou, nesta segunda-feira (25), a criação da Secretaria de Justiça de…

Júri do caso Genivaldo, morto asfixiado em carro da PRF, ocorre hoje; relembre

O Tribunal do Júri dos agentes da Polícia Rodoviária Federal acusados de matar e torturar…