O Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande, será palco do projeto “Arte nas Estações” e de sua exposição “Sofrência”. A inauguração do espaço será na próxima quinta-feira, 5 de setembro, com entrada gratuita.
O projeto é idealizado pelo colecionador e gestor cultural carioca Fabio Szwarcwald, com curadoria de Ulisses Carrilho.
Esta é a primeira de três mostras sequenciais que ocuparão os 200 m² de área expositiva do Centro Cultural José Octávio Guizzo, exibindo parte do acervo do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil (Mian).
“Quando idealizei o projeto, meu objetivo era dar visibilidade a esta rara coleção e propor um olhar contemporâneo para esses artistas e suas produções, a partir de um diálogo entre eles e o mundo em que vivemos hoje”.
Fabio Szwarcwald, diretor executivo do Arte nas Estações
O Mian foi instalado no Rio de Janeiro entre os anos de 1995 e 2016. As atividades foram encerradas, infelizmente, por falta de recursos. Em seguida, um acervo permanente abrigou 6 mil pinturas de artistas de 120 países.
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A galeria é considerada a maior do gênero em todo o mundo, e foi reunida ao longo de décadas pelo joalheiro francês radicado no Rio de Janeiro, Lucien Finkelstein (1931-2008).
A primeira edição do projeto foi um sucesso no interior de Minas Gerais. Agora, com a exposição “Sofrência”, estará na capital de Mato Grosso do Sul até o dia 20 de outubro.
Exposição “Sofrência” e o sertanejo
A exposição reúne 72 obras que têm como tema central a figura feminina, além de retratar cenas de convívio social, ambientes domésticos e ruas das cidades, onde florescem flertes, festas e trocas de olhares.
A narrativa é entremeada por versos da música sertaneja, que popularizou o termo que dá título à mostra, em canções que falam de amores mal resolvidos.
“Em ‘Sofrência’, a veia poética feminina tem como ponto de partida a canção ‘Troca de Calçada’, em que a cantora e compositora Marília Mendonça traz para o eu lírico a voz de uma trabalhadora do sexo”.
Ulisses Carrilho
A força da poesia popular se manifesta nas obras de arte e nos versos de outros grandes nomes do sertanejo, como Maiara e Maraisa e Cristiano Araújo, cujas letras foram impressas nas paredes da exposição. Essas e outras canções que inspiraram a mostra estão disponíveis em uma playlist (clique aqui para escutar).
O projeto expositivo de “Sofrência” também ecoa uma estética pop ao convidar o público para uma experiência imersiva em Campo Grande. A expografia de Janine Marques foi concebida para criar um “túnel de cor”, onde paredes e chão em tons de vermelho vibrante envolvem o público. Já a fachada espelhada do edifício, que esteve fechado para obras durante um longo período, ganhará uma intervenção com filtro colorido.
Arte Naïf
Em francês, o termo “naïf” significa “ingênuo, sem qualquer tipo de malícia”. No campo das artes visuais, a arte naïf identifica uma produção de caráter autodidata, daqueles que não tiveram acesso ao ensino formal de arte.
No entanto, os temas do universo popular, abordados por artistas como o mineiro Odoteres Ricardo de Ozias, mostram que a ingenuidade que transparece à primeira vista também é capaz de revelar camadas mais complexas e profundas da realidade social representada nas telas.
Arte nas Estações | Exposição Sofrência
- Data: 05 de setembro a 20 de outubro de 2024
- Local: Centro Cultural José Octávio Guizzo Rua 26 de agosto, 453 – Centro
- Entrada: Gratuita