A seca provocada pela escassez de chuvas tem contribuído para a piora da qualidade do ar em diferentes cidades do Brasil. Em São Paulo, onde a qualidade do ar por três dias seguidos esteve entre as mais poluídas do mundo, a situação se agrava ainda mais por conta da presença de material particulado de incêndios espalhados pelo País, que se mistura com a poluição gerada pela própria capital.
Para o médico pneumologista Eduardo Algranti, coordenador da Comissão Científica de Doenças Respiratórias Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), o problema não é apenas a baixa umidade relativa do ar (URA), mas a combinação simultânea de vários elementos, o que agrava o cenário.
“Estamos vivendo dias críticos, porque temos a soma de calor, baixa umidade do ar, poluição por material particulado, insolação e formação de ozônio aumentando. Somando tudo isso, é um coquetel muito agressivo para o organismo”, diz o especialista.
A fumaça, nociva à saúde, também entra nas casas e apartamentos. Há uma série de estratégias para amenizar a baixa umidade relativa do ar e driblar esse “coquetel agressivo”, citado por Algranti. Além do uso de máscaras e constante hidratação, especialistas recomendam o uso de umidificadores e purificadores de ar em ambientes fechados.
Cada um desses dois aparelhos têm uma função específica.
Umidificador: é um equipamento que vai gerar a umidade para o ar, por meio da nebulização ou aquecimento da água armazenada em um reservatório. Sua utilização é recomendada para quando o ambiente estiver seco (com a URA abaixo de 35%).
Purificador: vai agir para limpar o ar removendo o material particulado. Ou seja, o equipamento não interfere na umidade do ambiente, mas na eliminação dos poluentes.
Umidificador
“Quando se umidifica o ambiente, as partículas vão ser incorporadas no vapor, nas micropartículas de água, e se sedimentam mais fácil. Isso significa que a quantidade de material particulado no ar cai”, diz o pneumologista Eduardo Algranti, da SBPT.
Existe mais de um tipo de umidificador. O mais recomendado para residências são os ultrassônicos, considerados mais baratos e eficientes. Esses aparelhos têm a vantagem de não aquecerem a água e, com isso, não aumentarem a temperatura do ambiente, explica Robson Petroni, químico e especialista em Qualidade do Ar Interno e coordenador da Conforlab Engenharia Ambiental.
Em relação à manutenção, os especialistas alertam para os cuidados com a limpeza e a troca diária da água do reservatório.
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Tempo seco e quente na cidade de São Paulo por causa do calor • Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
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Movimento intenso de banhistas na Praia Martim de Sá, em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo • Estadão Conteúdo
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Tempo seco ganha força no Brasil • Marcos Santos/USP Imagens
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Amanhecer na cidade de São Paulo com onda de calor • RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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Camada de poluição na cidade de São Paulo • Cris Faga/Estadão Conteúdo
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Cidade de Campo Mourão, na região centro-oeste do Paraná • Dirceu Portugal/Fotoarena/Estadão Conteúdo – 21.ago.2024
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Onda de calor pelo Brasil • Pixabay
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Onda de calor pelo Brasil • 31/1/2024 REUTERS/ Sofia Yanjari
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Onda de calor pelo Brasil • Banco de imagens/Pexels
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Praias em São Francisco do Sul, no litoral de Santa Catarina • Foto: DIETER GROSS/ISHOOT/ESTADÃO CONTEÚDO
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Silhuetas de árvores durante o pôr do sol em meio a onda de calor • Pascal Rossignol/Reuters
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Onda de calor no Brasil • Reprodução / Inmet
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Sol e calor na praia da Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio de Janeiro • ESTADÃO CONTEÚDO
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Praia no Rio de Janeiro • JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
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Poluição acumulada em São Paulo por causa do tempo seco e onda de calor • CNN
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“Existem bactérias que podem se instalar em umidificadores, como a Legionella e causar problemas de saúde, como pneumonia. Mas, se a água e o reservatório sempre estiverem limpos, o uso do umidificador pode ser muito benéfico, no que diz respeito ao conforto da respiração”, diz Petroni.
No caso de não ter esse tipo de equipamento em casa, Algranti recomenda estratégias caseiras. “Uma saída para isso é colocar vasilhas de água espalhadas no ambiente. Quanto maior a superfície de contato entre a água com o ar, maior o nível de evaporação e melhor a umidificação. É muito prático, e pode funcionar”, diz o médico.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a umidade relativa do ar ideal para ambientes internos fique entre 20% de 60%. Enquanto as normas brasileiras de qualidade de ar interno, estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), indicam a faixa entre 35% e 60% – acima disso, há o risco de criação de mofo e desconforto às pessoas.
Segundo Robson Petroni, a sugestão é que os umidificadores sejam utilizados quando a URA estiver abaixo de 35%.
Por essa razão, o médico Eduardo Algranti recomenda também, além da compra de um umidificador, a aquisição de um medidor de umidade relativa do ar. “É de grande utilidade”, afirma o pneumologista.
“Nosso organismo não foi feito para respirar ar seco. Temos uma umidificação natural quando respiramos, e (o ar) já chega umidificado pelo próprio organismo na região alveolar. Quando você respira um ar seco, você começa a fazer com que a mucosa das vias aéreas superiores resseque e perca essa capacidade de umidificação. E isso, basicamente, acaba sobrecarregando toda a questão do sistema respiratório”, acrescenta o médico.
Dicas para uso de umidificador
- – Comprar umidificadores do tipo ultrassônico;
- – Limpar periodicamente para evitar a proliferação de fungos e bactérias;
- – Usar quando a umidade relativa do ar estiver abaixo de 35%;
- – Pode ser utilizado em todas as horas e é benéfico em qualquer período do dia;
- – Evitar usar umidificadores com fragrâncias; os cheiros estão associados a alergias, irritações no sistema respiratório;
- – No caso de não ter umidificadores, utilizar bacias água.
Purificador
Para Robson Petroni, o cenário de seca e poluição que atinge o Brasil sugere o uso não apenas de um umidificador, mas também de um purificador. “O material particulado é a poeira que nunca se deposita. Ela é tão leve e tão pequena que fica sempre em suspensão do ar. Aí a gente respira essa poeira, passa pelo nosso organismo e acaba no curto, médio e longo prazo causando problemas na nossa saúde.”
Diferente do umidificador, o purificador é um aparelho que limpa o ar ao fazer a remoção de material particulado, microrganismos e odores. O ar contaminado passa pelo filtro e sai limpo por um exaustor.
Os purificadores com determinados tipos de filtro têm capacidade de remover as partículas menores e mais nocivas à saúde. De acordo com o químico, a recomendação é a compra de purificadores com o filtro do HEPA.
“(Esse filtro) Tem alta capacidade para remover as partículas pequenas, que chamamos de PM10, PM2,5, PM1, e tornar o ar mais limpo”, diz. “A eficiência dele é de 99%, ou seja, a cada 100 partículas, ele filtra 99, conforme a especificação do fabricante.”
Para a compra de um purificador, é necessário verificar também a área onde o equipamento vai ser usado porque a eficiência do produto vai depender do volume ocupado pelo ar. Para isso, é preciso multiplicar essa área, com a altura do cômodo.
“Se meu ambiente tem 20 m³, eu preciso comprar um equipamento com 60m³ por hora de vazão. Então, a vazão do equipamento deve sempre ser três vezes maior que o volume de ar que está presente no ambiente”, diz Robson Petroni. “Essa é uma recomendação básica para o público doméstico”.
Dicas para o uso de purificador
- – Comprar purificadores com filtro HEPA;
- – Ter um equipamento com alta capacidade de filtragem;
- – Adquirir aparelho com uma vazão três vezes maior que o volume ocupado pelo ar no ambiente onde será utilizado.