A Polícia Civil de Mato Grosso prendeu um jovem de 20 anos por tentativa de feminicídio contra sua ex-namorada, de 18 anos, nessa segunda-feira (16). A prisão ocorreu dentro do HMC (Hospital Municipal de Cuiabá), onde Djavanderson de Oliveira Araújo está internado após atear fogo em Juliana Valdivino da Silva, que teve 90% do corpo queimado. Com medida protetiva, a jovem se recupera na mesma unidade de saúde.
Conforme a polícia, o autor do ataque teve queimaduras em 50% do corpo. Ele teria tentado simular um suicídio após não aceitar o fim de relacionamento de 3 anos. Porém, a polícia afirma que a versão apresentada ficou pouco provável.
“Em razão da gravidade das lesões no corpo da vítima, sendo posteriormente colhidas novas informações, ficou claro que se tratava de um crime de tentativa de feminicídio, sendo relatado pela própria vítima que o seu ex-companheiro jogou álcool e posteriormente ateou fogo nela”, diz a polícia.
O crime aconteceu no dia 9 de setembro em uma casa no bairro Ipê Florido em Paratinga, a 411 km de Cuiabá. As investigações apontam que o homem comprou R$ 13 de combustível e depois ateou no corpo da jovem. Uma parte do líquido teria respingado em seu próprio corpo, causando ferimentos graves nos dois.
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Ciúmes doentio
Ao Primeira Página, a mãe de Juliana, Rosicléia Magalhães da Silva, disse que eles namoravam há 3 anos e que o relacionamento tinha chegado ao fim há cerca de 3 meses. Conforme ela, a família mora em Porto Acre (AC) e os dois teriam se conhecido na escola.
“Eu queria afastar a Juliana dele, e tirei minha filha do Acre e enviei a Mato Grosso para manter distância. Ele nunca a tratou mal na minha frente, e ela também nunca reclamou de nada. Ela dizia que ele sempre a tratou muito bem, com muito carinho. O que existia da parte dele era muito ciúmes. Ele falava: ‘eu tenho que ter ciúmes, porque ela é muito linda. Tenho que cuidar’. Então era um ciúme doentio”.
Segundo a mãe, Juliana terminou o ensino médio e trabalhava em um frigorífico em Paranatinga. A jovem morava em um alojamento do trabalho. A mãe suspeita que o ex-companheiro tenha clonado o celular da vítima, já que trabalhava como técnico de celular e teria conhecimento de aplicativos de espionagem.
“Ela não queria mais o relacionamento. No começo da manhã do dia do crime, ela me ligou dizendo que não estava mais dando para ficar em Paranatinga porque o Djavanderson estava ‘perturbando’. Ela me disse que ia pedir uma medida protetiva, e eu falei para ela: pega a medida protetiva, mas também saia daí. Pode vir embora para o Acre”.
A investigação foi conduzida pela Delegacia de Paratinga com apoio da Delegacia Especializada de Mulher de Cuiabá. Segundo a Polícia Civil, ao ser informado sobre a prisão, Djavanderson não manifestou nenhum arrependimento do crime.
Juliana está em estado grave, entubada, mas seus órgãos vitais estão funcionando normalmente, conforme a mãe. A jovem teve 90% do corpo queimado e apenas o couro cabeludo não foi atingido. “O resto foi total”.