A Delegacia Especial de Crimes Contra o Consumidor (Decon) prendeu novamente a responsável por uma clínica de estética clandestina em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Neucileny Melo Barbosa, conhecida como Doutora Eny nas redes sociais, já tinha sido detida em novembro do ano passado, quando foi flagrada exercendo a medicina de forma ilegal. Nesta terça-feira (17), a Polícia também prendeu o marido dela, João dos Santos Cintra, que era sócio da clínica e também estava exercendo ilegalmente a profissão, além da filha do casal e de outros dois funcionários.
No local eram feitas aplicações de botox, preenchimento facial e pequenas cirurgias de nariz e pálpebra a preço popular. Duas pacientes procuraram a CNN para denunciar que passaram por procedimentos feitos de forma inadequada. Através de uma reportagem, elas descobriram que o local já tinha sido alvo da polícia.
Uma delas foi a profissional de educação física Adriana Oliveira, de 55 anos, que enfrentou problemas após a realização de uma blefaroplastia, em julho. Ela foi atendida na unidade da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. A mulher pagou quase R$ 5 mil para fazer a cirurgia sem passar por nenhum tipo de exame. Adriana contou que estranhou a forma como o procedimento foi conduzido.
“Na hora ele não ia nem fazer a assepsia, o que eu já achei estranho, fiquei com muito medo e ali caiu a minha ficha. Eu estava correndo risco de vida. O tempo todo eu senti muita dor e fiquei desconfiada. Eu fiquei uns três dias apavorada sem conseguir abrir os olhos e achando que estava cega”, afirmou.
Recentemente, Adriana procurou ajuda de outro médico e relatou o desconforto que ainda sente mesmo após quase dois meses de cirurgia. O profissional afirmou foi retirada mais pele do que deveria e por isso ela tem a sensação de ressecamento do globo ocular. A mulher foi orientada a fazer uma cirurgia reparadora quando concluir três meses após a primeira.
“Eu só tô andando de boné, de óculos escuros e tô muito preocupada com a minha saúde porque eu não sei se eles me contaminaram lá de alguma forma. Ainda tá muito inchado e com cicatrizes. Afetou minha vista, fica sempre irritada”, concluiu
A polícia encontrou na clínica medicamentos fora do prazo de validade, além do armazenamento de seringas e outros materiais descartáveis já utilizados. Segundo o delegado responsável pela ação, Wellington Pereira Vieira, a falta de higiene do local também chamou a atenção.
Neucileny e João afirmam que são formados em medicina na Venezuela, mas, segundo a Polícia, não possuem revalidação do diploma de medicina no Brasil e, consequentemente, não tinham inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM).
A CNN tenta contato com a defesa dos suspeitos.