O governo da Argentina anunciou nesta quinta-feira (19) que cederá as operações da Aerolíneas Argentinas, companhia aérea estatal, a outra empresa se as greves do setor aeronáutico do país continuarem.
“O governo iniciou conversas com várias empresas privadas latino-americanas para que finalmente assumam a operação das Aerolíneas Argentinas, no caso, claro, de que continuem as extorsões que os argentinos estão recebendo com esse tipo de medidas”, disse o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni.
O porta-voz não esclareceu, no entanto, se a intenção do governo é privatizar ou permitir concessões de rotas da estatal a empresas particulares.
Greve na estatal
O anúncio do governo argentino acontece dias após uma greve de pilotos da empresa, que provocou o cancelamento de 319 voos na última sexta-feira (19). Assembleias de trabalhadores que fazem serviço de rampa para a estatal Intercargo também provocaram atrasos em operações aéreas de outras companhias.
Na quarta-feira (18), a ministra argentina da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou que denunciará Pablo Biró, secretário-geral da Associação de Pilotos de Linhas Aéreas (APLA), que congrega os trabalhadores da estatal, à Justiça por “incitação à violência”.
“Viu como os que pararam os voos na Argentina complicaram sua vida? Nós os denunciamos. Milhares de famílias perdem viagens, trabalho, operações, porque tem um sindicalismo inflexível que não entende que é um serviço essencial que não pode parar”, pontuou Bullrich em um vídeo postado em redes sociais.
Mostrando uma reportagem que reproduz uma declaração do líder sindical no qual ele afirma que o conflito acerca da estatal está “grave” e “ficará muito pior”, ela afirmou ter feito a denúncia porque Biró, segundo a ministra, quer o “caos permanente”.
De acordo com o porta-voz de Milei, a denúncia foi apresentada pelo suposto cometimento de crimes de extorsão e ameaças. Ele disse ainda que o secretário-geral do sindicato de pilotos deve ter “precaução” antes de convocar outra greve, e que existe determinação do governo de dar fim às greves aeronáuticas.
Nesta quinta, trabalhadores da agência argentina de Aviação Civil também convocaram uma greve por aumentos de salários e recontratação de trabalhadores demitidos. A medida, no entanto, não afetou a segurança da operação dos aeroportos e não provocou cancelamentos de voos.
