Espanha nega envolvimento com carta que González assinou antes de deixar Venezuela


O Ministério de Relações Exteriores informou a CNN nesta quinta-feira (19) que “o governo de Espanha não tem nada a ver com qualquer documento ou negociação entre Edmundo González e o governo da Venezuela”, em referência ao documento que o opositor assinou antes de deixar a Venezuela.

A carta cumpria a decisão da Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (TSJ) que ratificou a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho.

“Quando Edmundo González solicitou ser recebido na residência do embaixador espanhol, teve a garantia de que poderia vê-lo ou realizar as diligências que decidisse tomar em relação à sua situação”, informou o ministério espanhol.

“O ministro das Relações Exteriores deu instruções diretas ao embaixador para não interferir nos esforços que o líder da oposição pudesse realizar.”, acrescentou.

Desta forma, o Ministério de Relações Exteriores defende que González tinha autonomia para decidir por si e agir livremente.

O opositor indicou terça-feira (17) em um vídeo compartilhado nas suas redes sociais que assinou a carta após várias horas “de coerção, chantagem e pressão” na presença da vice-presidente Delcy Rodríguez e do seu irmão Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional, na Embaixada da Espanha em Caracas “com um documento que teria que referendar para permitir minha saída do país”.

Dados os efeitos que a assinatura do documento poderia ter, González acrescentou em sua declaração em vídeo que “um documento produzido sob coação está cheio de nulidade absoluta por grave vício de consentimento”.

O candidato da oposição garantiu a todos os que votaram nele no dia 28 de julho que “nunca os trairei”. “Como presidente eleito de milhões e milhões de venezuelanos que votaram por uma mudança na democracia e na paz, eles não vão me silenciar.”, ele disse.

Aumenta a tensão entre governo espanhol e oposição

O episódio fez com que alguns membros do Partido Popular (PP), da oposição, fizessem declarações contundentes contra o governo espanhol.

Entre outros, o secretário-geral adjunto do PP, Esteban González Pons, manifestou em uma entrevista à rádio EsRadio a sua “indignação” por acreditar que o governo foi “cúmplice” desta “chantagem” das autoridades venezuelanas contra González.

“A Espanha está envolvida na operação que transformará Maduro em ditador por tempo indeterminado”, afirmou.

A primeira vice-presidente e ministra das Finanças de Espanha, María Jesús Montero, disse aos meios de comunicação que as acusações de Pons são “ofensivas” e “falsas”, ao mesmo tempo que considera “calunioso que alguém queira desacreditar todo o trabalho que foi feito” e que o próprio Edmundo González reconheceu o Governo da Espanha.”

“O Partido Popular […] está prestando um péssimo serviço ao nosso país e a Edmundo González”, ela acrescentou.



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