Altos funcionários dos EUA comemoraram depois que os Estados Unidos e um grande número de seus aliados haviam fechado uma proposta, após dias de intensas negociações, que estabeleceria um cessar-fogo ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano.
Em uma chamada com repórteres organizada às pressas, logo após a divulgação de uma declaração conjunta, os principais funcionários do governo elogiaram o plano como “um importante avanço”. A pausa de 21 dias nos combates proposta pelos países daria tempo para a diplomacia e poderia evitar uma guerra em grande escala entre Israel e o Hezbollah.
Esses funcionários foram claros: a questão não era se Israel e o Hezbollah aceitariam a proposta de cessar-fogo, mas sim exatamente quando. Tanto Israel quanto o Hezbollah estavam “familiarizados com o texto”, disse um oficial, e os EUA se sentiram confortáveis em tornar o plano público, com a compreensão de que ambas as partes estavam prontas para assinar.
Mas, apenas algumas horas depois, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu desaprovou a proposta multinacional. Primeiro, o escritório do primeiro-ministro divulgou uma declaração afirmando que quaisquer relatos sobre um cessar-fogo iminente eram “incorretos” e que as Forças de Defesa de Israel continuariam lutando com “toda a força”.
Em seguida, o próprio primeiro-ministro disse à imprensa ao desembarcar de seu avião na cidade de Nova York:
“Minha política, nossa política, é clara: continuamos a atacar o Hezbollah com toda a nossa força. Não vamos parar até alcançarmos todos os nossos objetivos.”
Cerca de 24 horas após o anúncio da proposta de cessar-fogo pela Casa Branca, ainda não houve indicações de que Israel e o Hezbollah estejam prontos para aceitá-la. A resposta inicial de Israel claramente não foi a reação que a Casa Branca esperava, levantando a imediata questão de por que, se Israel estava a favor da proposta, seu líder parecia tão disposto a descartá-la.
A aparente reversão de Netanyahu representou uma grande decepção, mas para alguns oficiais, também destacou uma realidade que existe há meses: a disposição de Netanyahu de romper aberta e publicamentemente com Biden, especialmente quando enfrenta oposição política interna em Israel.
Entenda o conflito entre Israel e Hezbollah
Israel tem lançado uma série de ataques aéreos em regiões do Líbano nos últimos dias. Na segunda-feira (23), o país teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Segundo os militares israelenses, os alvos são integrantes e infraestrutura bélica do Hezbollah, uma das forças paramilitares mais poderosas do Oriente Médio e que é apoiada pelo Irã.
A ofensiva atingiu diversos pontos no Líbano, incluindo a capital do país, Beirute. Milhares de pessoas buscaram refúgio em abrigos e deixaram cidades do sul do país. Além disso, uma incursão terrestre não foi descartada.
O Hezbollah e Israel começaram a trocar ataques após o início da guerra na Faixa de Gaza. O grupo libanês é aliado do Hamas, que invadiu o território israelense em 7 de outubro de 2023, matando centenas de pessoas e capturando reféns. Devido aos bombardeios, milhares de moradores do norte de Israel, onde fica a fronteira com o Líbano, tiveram que ser deslocados.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu diversas vezes fazer com que esses cidadãos retornem para suas casas. No dia 17 de setembro, Israel adicionou o retorno desses moradores como um objetivo oficial de guerra.Um adolescente brasileiro de 15 anos morreu após um ataque aéreo israelense. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades. O governo brasileiro também avalia uma possível missão de resgate.