O assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em ataques aéreos israelenses em um subúrbio de Beirute, colocou holofotes sobre o homem amplamente considerado seu herdeiro, Hashem Safieddine.
O grupo apoiado pelo Irã confirmou que Nasrallah — que liderou o Hezbollah durante 32 anos — foi morto no ataque de sexta-feira (27) e enfrenta, agora, o desafio de escolher um novo líder depois do golpe mais pesado que já enfrentou nos seus 42 anos de história.
Aqui estão alguns fatos sobre Safieddine, que uma fonte do grupo afirma ter sobrevivido aos ataques israelenses.
– Como chefe do Conselho executivo, Safieddine supervisiona os assuntos políticos do Hezbollah. Ele também faz parte do Conselho da Jihad, responsável pela administração das operações militares do grupo;
– Safieddine é primo de Nasrallah e, como ele, é um clérigo que usa turbante preto, um simbolismo da descendência do profeta islâmico Maomé;
– O Departamento de Estado dos Estados Unidos o classificou como terrorista em 2017. Em junho, ele ameaçou uma grande escalada contra Israel após o assassinato de outro comandante do Hezbollah. “Deixe (o inimigo) se preparar para chorar e lamentar”, declarou ele no funeral;
– As declarações públicas de Safieddine refletem frequentemente a posição do Hezbollah e o seu alinhamento com a causa palestina;
– Em um evento recente em Dahiyeh, reduto do Hezbollah nos subúrbios do sul de Beirute, ele declarou que “a nossa história, as nossas armas e os nossos foguetes estão convosco”, em uma demonstração de solidariedade com os combatentes palestinos;
– Nasrallah “começou a adaptar posições para Safieddine dentro de uma variedade de conselhos diferentes do grupo libanês Hezbollah. Alguns deles eram mais opacos do que outros. Eles o fizeram vir, sair e falar”, afirmou Philip Smyth, um especialista que estuda milícias xiitas apoiadas pelo Irã;
– Os laços familiares de Safieddine e a semelhança física com Nasrallah, bem como a descendência religiosa de Muhammad, contariam a seu favor;
– Ele também criticou veementemente a política dos EUA. Em resposta à pressão americana sobre o Hezbollah, ele declarou em 2017 que “esta administração maluca e com problemas mentais dos EUA, liderada por Trump, não será capaz de prejudicar a resistência”, afirmando que tais ações apenas fortaleceriam a determinação do Hezbollah.
O grupo libanês prometeu, neste sábado (28), continuar a batalha contra Israel.
Entenda o conflito entre Israel e Hezbollah
Israel tem lançado uma série de ataques aéreos em regiões do Líbano nos últimos dias. Na segunda-feira (23), o país teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais. Segundo os militares israelenses, os alvos são integrantes e infraestrutura bélica do Hezbollah, uma das forças paramilitares mais poderosas do Oriente Médio e que é apoiada pelo Irã.
A ofensiva atingiu diversos pontos no Líbano, incluindo a capital do país, Beirute. Milhares de pessoas buscaram refúgio em abrigos e deixaram cidades do sul do país.
Além disso, uma incursão terrestre não foi descartada.
O Hezbollah e Israel começaram a trocar ataques após o início da guerra na Faixa de Gaza. O grupo libanês é aliado do Hamas, que invadiu o território israelense em 7 de outubro de 2023, matando centenas de pessoas e capturando reféns.
Devido aos bombardeios, milhares de moradores do norte de Israel, onde fica a fronteira com o Líbano, tiveram que ser deslocados. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu diversas vezes fazer com que esses cidadãos retornem para suas casas.
No dia 17 de setembro, Israel adicionou o retorno desses moradores como um objetivo oficial de guerra.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades. O governo brasileiro também avalia uma possível missão de resgate.