O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que não apoia um ataque israelense a instalações nucleares dos Irã.
“A resposta é não”, disse Biden quando questionado sobre a possibilidade de Israel lançar um ataque retaliatório a instalações relacionadas ao programa nuclear do Irã.
Ele disse que os Estados Unidos discutiriam com os israelenses como eles poderiam responder ao ataque de mísseis do Irã de terça-feira (1º).
Biden acrescentou que todos os integrantes do G7, com quem conversou por telefone na quarta-feira anterior, concordaram que Israel deveria “responder proporcionalmente”.
“O Irã está muito fora do curso”, disse.
Os líderes do G7 estão considerando novas sanções contra o Irã, de acordo com uma declaração da Casa Branca.
Autoridades dos EUA avaliam que tanto o Irã quanto a liderança sênior do Hezbollah queriam evitar uma guerra total com Israel, mesmo que ambos tenham trocado tiros.
Um grande temor dos diplomatas dos EUA e árabes é a possibilidade de Israel atacar dentro do Irã, potencialmente contra suas instalações nucleares. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett pediu que Israel retaliasse destruindo o programa nuclear.
Mas o Irã deixou claro que qualquer resposta de Israel resultaria em uma escalada ainda maior. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que a operação de terça-feira era “apenas uma parte do nosso poder”.
Israel provavelmente está de olho nas instalações nucleares do Irã enquanto determina sua resposta ao ataque de mísseis de Teerã, de acordo com Malcolm Davis, analista sênior de estratégia de defesa do Instituto Australiano de Política Estratégica
“Da perspectiva de Israel, não pode permitir que o Irã obtenha armas nucleares. Certamente haveria forte pressão dentro do gabinete de Netanyahu para atacar essas instalações nucleares e essencialmente atrasar o programa de armas nucleares iraniano, potencialmente por anos”, Davis disse a Becky Anderson da CNN.
Conversa com Netanyahu
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que provavelmente falará com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, “relativamente em breve”, após o ataque de mísseis do Irã a Israel.
“Provavelmente falarei com ele em breve”, disse Biden a repórteres no Joint Base Answers.
Biden e Netanyahu falaram pela última vez em 21 de agosto, de acordo com os relatórios da Casa Branca. Desde então, a situação no Oriente Médio ficou mais tensa com a escalada das ofensivas entre Israel e o Hezbollah no Líbano.
Biden disse que os EUA estavam oferecendo conselhos diretamente às autoridades israelenses sobre a potencial resposta do país ao ataque.
“Discutiremos com os israelenses o que eles farão”, disse Biden. “Estamos conversando com o pessoal de Bibi o tempo todo”, ele acrescentou, usando o apelido de Netanyahu.
Os telefonemas de Biden com Netanyahu no ano passado às vezes ficaram tensos, pois os dois homens divergem sobre as ações de Israel em Gaza.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas. No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.