O professor Michel Gherman, coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), retornou recentemente de Israel com uma análise preocupante sobre o estado atual da sociedade israelense.
Segundo ele, o país enfrenta um período de intenso “esgarçamento social”, marcado por divisões profundas e um pessimismo generalizado.
De acordo com Gherman, a sociedade israelense está extremamente dividida, com uma sensação predominante de que a situação tende a piorar.
“Você não tem uma perspectiva de otimismo no ar”, afirma o professor. Ele destaca que o fenômeno vai além da mera polarização, descrevendo-o como uma “consolidação de opostos de maneira muito definida”.
A questão dos reféns e o impacto do 7 de outubro
Um dos pontos centrais da crise atual, segundo o especialista, é a questão dos reféns ainda mantidos pelo Hamas. A percepção de que não há esforços suficientes para o retorno dessas pessoas tem alimentado a insatisfação popular.
Gherman observa que o ataque de 7 de outubro de 2023 continua sendo uma ferida aberta na sociedade israelense: “A gente acorda pensando no que aconteceu naquele momento”.
O governo de Benjamin Netanyahu, que já enfrentava impopularidade devido a uma controversa reforma judicial, agora lida com críticas relacionadas à gestão do conflito com o Hamas e à incapacidade de trazer os reféns de volta.
“O que mudou foram os motivos da impopularidade, mas a situação é uma situação de esgarçamento social”, explica Gherman.
Crise econômica e incertezas futuras
Além das tensões políticas e sociais, Israel enfrenta uma grave crise econômica. O professor aponta para a queda do crédito internacional e uma “situação inédita de impossibilidade de percepção de futuro”.
Esse cenário econômico instável contribui para o clima de incerteza e pessimismo que permeia a sociedade israelense.
A análise de Gherman revela um Israel profundamente afetado por múltiplas crises simultâneas: o conflito em curso com o Hamas, as divisões internas, a instabilidade política e os desafios econômicos.
O quadro pintado pelo professor sugere que o país enfrenta um dos momentos mais desafiadores de sua história recente, com implicações significativas para o futuro da região.