Registro inativo de biomédica consta em exame realizado em doador de órgão com HIV no RJ

CNN Brasil


Um dos exames de sangue realizados pelo laboratório PCS Lab em doadores de órgão no estado do Rio de Janeiro, ao qual a CNN teve acesso a um trecho, mostra que o laudo foi assinado por uma profissional que usou o registro inativo de outra biomédica.

O exame em questão é um dos que apontou falso negativo para HIV.

O erro do laboratório contratado pela Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro resultou na infecção de seis pacientes com o vírus HIV após a realização de transplantes no estado.

O laudo foi assinado em maio deste ano por uma profissional identificada como Jacqueline Iris Bacellar de Assis, porém o número do registro no Conselho Regional de Biomedicina utilizado na assinatura pertence a outra profissional e está inativo desde junho de 2023.

À CNN, Júlia Moraes verdadeira dona do número de registro, disse que irá comunicar o ocorrido ao Conselho Regional de Biomedicina e registrar um boletim de ocorrência. A jovem, de 29 anos, já está em contato com um advogado para tomar as medidas judiciais cabíveis.

Júlia relatou que não atua mais como biomédica há dois anos e seu registro está cancelado por ter deixado de pagar a anuidade ao conselho profissional. Atualmente, ela está empreendendo com artesã e irá abrir uma empresa de papelaria personalizada.

“Eu nunca trabalhei no Rio de Janeiro, apenas em São Paulo, e nunca em laboratório. Nunca trabalhei com análises clínicas. Trabalhei para um laboratório fazendo as coletas de DNA para exames de paternidade e afins, mas nunca trabalhei no laboratório citado”, esclareceu a ex-biomédica.

A jovem contou, ainda, que soube do ocorrido pela imprensa. “Fiquei chocada e até falei que achei um absurdo pessoas inocentes serem afetadas dessa forma tão irresponsável”, comentou.

A CNN conversou com o advogado José Félix, que representa Jacqueline Iris Bacellar de Assis. De acordo com a defesa, a profissional atua no laboratório PCS Lab, na Baixada Fluminense há cerca de um ano como assistente administrativa e não tinha poder para assinar laudos e resultados de exame, os quais, segundo o representante legal, eram recebidos por sua cliente e encaminhados para um médico do laboratório, que seria responsável por assiná-los.

Félix relata também que sua cliente é registrada no Conselho de Farmácia e jamais cursou Biomedicina.

O advogado afirma que ela não tinha ciência da assinatura eletrônica no e-mail mencionado pela reportagem, tampouco conhece a biomédica Júlia Moraes, dona do CRBM utilizado no mesmo documento.

A defesa de Jacqueline diz ainda que o laboratório age de má-fé ao anunciar que irá iniciar sindicância interna. Desde quinta-feira (10), segundo o advogado, Jacqueline e demais funcionários da unidade estão sem acesso a empresa e sem um posicionamento formal do laboratório sobre a continuidade das atividades.

A CNN consultou o Conselho Regional de Biomedicina de São Paulo e o laboratório PCS Lab sobre os fatos descritos na reportagem e aguarda retorno.

Relembre o caso de pacientes infectados com HIV

Autoridades investigam a infecção de pacientes com HIV após receberam órgãos transplantados no Rio de Janeiro. O caso é analisado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Sáude, Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro.

De acordo com reportagem veiculada inicialmente pela BandNews FM, seis pessoas contraíram a doença após passarem pelo procedimento. O caso foi confirmado pela CNN.

Dois doadores teriam feito exame de sangue em um laboratório privado na Baixada Fluminense e os resultados apresentaram falso negativo.

CNN confirmou que os testes foram realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, que possui sede em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

O laboratório foi contratado pela Secretaria de Estado de Saúde para testar os doadores de órgãos.

Segundo apurou a CNN, os infectados já estão cientes e órgãos de outros 288 doadores estão passando por nova testagem no estado.

É a primeira vez que algo do tipo ocorre no Brasil. Apenas no Rio de Janeiro, 16 mil pessoas já passaram por transplantes desde 2006.



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