Riscos de incêndios em 2024 são piores nas últimas 4 décadas no Pantanal


Um estudo sobre a evolução das queimadas e as condições climáticas no Pantanal indica que o perigo de fogo acumulado em 2024 é o maior já registrado desde 1980. A análise foi realizada pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ), cobrindo o período de 1º de janeiro a 16 de outubro de 2024.

No Pantanal a área queimada em 2023 foi o triplo do que em 2022. (Foto: SOS Pantanal)

O Índice Meteorológico de Perigo de Fogo (DSR) avalia as condições favoráveis à ocorrência de incêndios de grandes proporções.

A análise considera fatores meteorológicos, como temperatura, umidade relativa do ar, intensidade dos ventos e precipitação, que dificultam o combate a incêndios florestais.

Segundo o Lasa, desde junho de 2024, as condições meteorológicas associadas ao perigo de incêndios no Pantanal estão no nível máximo, um cenário sem precedentes nas últimas quatro décadas.

Área queimada

De acordo com o estudo do Lasa, houve um aumento significativo das áreas afetadas pelo fogo em comparação com os anos anteriores.

Até 16 de outubro, 2,4 milhões de hectares do Pantanal foram atingidos pelas chamas. Esse acumulado é menor apenas que o de 2020, quando 3,4 milhões de hectares foram queimados no mesmo período.

A análise temporal da área queimada revela que agosto foi o pior mês de 2024 até o momento, seguido de junho, que registrou números próximos aos de setembro, indicando uma antecipação da temporada de incêndios no bioma este ano.

Mais de 76% das áreas afetadas estão localizadas em regiões não protegidas, majoritariamente em propriedades privadas.

Terras indígenas representam 14,5% da área queimada, enquanto unidades de conservação federais, estaduais, municipais e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) respondem por 9,3%.

Das cinco terras indígenas do Pantanal, todas tiveram áreas queimadas em 2024, e das 24 unidades de conservação monitoradas pelo Sistema Alarmes, 19 registraram focos de incêndio. Os municípios com maiores áreas queimadas incluem Corumbá, Cáceres e Porto Murtinho.

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Incêndios criminosos

O estudo também alerta que a maioria dos incêndios registrados entre julho e setembro de 2024 é de origem humana, e não natural.

A análise da ocorrência de raios mostrou que em agosto, nenhum foco de calor foi causado por esse fenômeno.

Em contraste, os 18 focos naturais detectados em setembro foram relacionados a duas ocorrências próximas à Estação Ecológica de Taiamã nos dias 22 e 25.

A maioria dos incêndios que ocorreram em 2024, especialmente em agosto, mês com o maior número de focos de calor, tem origem humana.

Seca

A seca persistente na região é outro fator que agrava os focos de calor. Nos últimos 12 meses, a intensidade da seca variou de moderada a excepcional, com o Pantanal enfrentando um regime de seca persistente e extrema por pelo menos 48 meses.

Altas temperaturas e a falta de chuvas resultaram em um acúmulo significativo de material combustível, aumentando o risco de que pequenos focos de calor evoluam para grandes incêndios incontroláveis.

Impacto na biodiversidade

Com pelo menos 1.211 espécies de animais vertebrados, o Pantanal enfrenta uma grave ameaça à sua biodiversidade com os incêndios.

O fogo, ao atingir Unidades de Conservação, Terras Indígenas e seus entornos, destrói o habitat dos animais, que perdem suas áreas de refúgio.

Muitos são resgatados debilitados, com queimaduras, desidratação e problemas respiratórios causados pela fumaça.

Segundo o MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), o Pantanal abriga 10.338.601 hectares de Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade, que incluem regiões que concentram espécies vulneráveis.

Até 16 de outubro de 2024, 1.167.600 hectares dessas áreas foram atingidos pelas queimadas.

Previsões sazonais

As condições climáticas no Pantanal podem piorar ainda mais, segundo o Lasa, que prevê temperaturas acima da média e precipitação abaixo do normal entre novembro de 2024 e janeiro de 2025.

O fenômeno La Niña pode persistir até março de 2025, favorecendo a seca, ondas de calor e o aumento dos incêndios na região.

Para o Pantanal, estima-se que a temperatura do ar próximo à superfície fique cerca de 1°C acima da média, e a precipitação tenha uma probabilidade de 20% a 40% de ficar abaixo dos menores valores históricos.

Com isso, a probabilidade de a área queimada em 2024 ultrapassar 3 milhões de hectares até o final do ano é superior a 86%.

Ao comparar as probabilidades de excedência para o mesmo dia em anos anteriores, observa-se que o risco estimado para 2024 supera todos os registros desde 2003.





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