O grupo dos Brics tem se demonstrado como anti-Ocidente, porém, diferentemente do período da Guerra Fria, não há tentativa de imposição de ideologias, segundo Roberto Dumas, professor de economia chinesa do Insper.
Em entrevista ao WW desta terça-feira (22), Dumas analisou o cenário político e econômico atual envolvendo o bloco.
Segundo ele, o presidente russo, Vladimir Putin, tem sido bem-sucedido em demonstrar que coordena um grupo relevante de países, contrariando afirmações de que estaria isolado.
Expansão e apoio internacional
O especialista destacou que Putin conta com o apoio de vários países em relação à situação na Ucrânia, incluindo nações que buscam negociar uma saída para o conflito.
Dumas ressaltou a expansão do grupo, com a entrada de países como Egito, Emirados Árabes e Irã, além de possíveis futuras adesões.
“Se o grupo não é anti-Ocidente, tendo Rússia e Irã, o que seria um grupo anti-Ocidente?”, questionou Dumas, enfatizando a natureza da composição do bloco.
Nova governança global
O professor explicou que o Brics busca projetar uma nova governança global no cenário pós-Bretton Woods.
Segundo ele, vários países não conseguem ter o poder desejado nas instituições financeiras internacionais tradicionais, como o FMI e o Banco Mundial.
“Se eu não consigo entrar num clube, que eu monte um clube, como é o caso do Banco dos Brics”, ilustrou Dumas, referindo-se à criação de instituições próprias pelo grupo.
Apesar do caráter antiocidental, Dumas ressaltou que o Brics não busca impor ideologias como ocorria durante a Guerra Fria.
“Olha, nós temos a nossa instituição, mas vamos continuar juntos nessa brincadeira”, concluiu o especialista, indicando uma abordagem mais pragmática do grupo em relação à ordem global atual.