Uma das maiores ativistas da preservação da anta em Mato Grosso do Sul e no restante do país, a conservacionista Patrícia Medici foi premiada com o Women of Discovery Award 2024 em Nova Iorque, nos EUA (Estados Unidos da América). Patrícia foi a única brasileira entre as cinco mulheres prestigiadas com o prêmio neste ano.
A premiação é promovida pela WINGS WorldQuest, uma organização americana sem fins lucrativos que financia e potencializa a atuação de mulheres visionárias ao redor do mundo.
Para além do reconhecimento, Patrícia foi contemplada com 20 mil dólares, recurso que será revertido em esforços para fortalecer a conservação da anta no Brasil. O prêmio foi entregue durante uma cerimônia realizada na noite de quinta-feira (24) em Nova Iorque.
“Essa premiação foi fantástica! O WINGS é uma organização que trabalha incansavelmente para empoderar a atuação de mulheres no mundo da exploração científica, pesquisa e conservação da natureza. Existe todo o prestígio associado a ser parte desse seleto grupo de premiadas. O prêmio é também uma enorme oportunidade para alcançar novos públicos, como as pessoas que estavam presentes na premiação em Nova Iorque e toda a rede do WINGS.”
Patrícia Medici.
Pesquisadora do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas) e coordenadora da INCAB (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira) há quase 30 anos, Patrícia dedica sua vida à conservação das antas e de seus habitats remanescentes no Brasil.
Com a premiação, Patrícia Medici se torna fellow da WINGS e passa a compor uma comunidade de mais de 100 mulheres cientistas e conservacionistas que já foram premiadas desde 2003.
O título de fellow da WINGS permite que Patrícia e sua equipe levem a mensagem da causa da conservação da anta brasileira para novas esferas, o que torna essa conquista tão importante.
Apenas outras três pesquisadoras brasileiras fazem parte da comunidade WINGS: Juliana Machado Ferreira, Daphne Soares e Rasaly Lopes.
“Mais importante do que tudo isso, receber esta premiação é uma grande oportunidade de falar sobre a anta aqui no Brasil, mostrando que este animal incrível está ganhando mais um prêmio e destacando a importância da conservação da espécie.”
Patrícia Medici.
Gigante
A anta brasileira é o maior mamífero terrestre da América do Sul, podendo pesar entre 180 e 300 kg. A espécie é vital para a biodiversidade por ser uma importante dispersora de sementes, por isso recebe o título de jardineira da floresta.
Além disso, por ocupar extensas áreas de uso, é uma espécie guarda-chuva, ou seja, garantir sua conservação também influencia a existência de outras espécies que compartilham o mesmo habitat.
A anta também é uma espécie sentinela, servindo como indicadora da saúde dos ecossistemas e dos seres que ali habitam. Apesar de sua importância, a espécie está listada como vulnerável à extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Em Mato Grosso do Sul, uma das iniciativas de proteção à espécie incentivadas pela INCAB são as cercas instaladas às margens das rodovias, associadas a passagens de fauna em pontos críticos de atropelamentos.