Quem foi dona Eulália, ícone da gastronomia cuiabana

Eulália da Silva Soares, mais conhecida como Dona Eulália, nasceu na zona rural de Cuiabá, em 13 de janeiro de 1934. Ela se mudou com o marido, Eurico Avelino Soares, para o bairro da Lixeira em 1956, e começou a fazer os bolos de arroz.

Os bolinhos eram vendidos de porta em porta, em frente de escolas e no pátio da Igreja São Benedito.

Após um tempo, dona Eulália abriu no quintal de casa, no bairro Lixeira, um espaço para atender seus clientes com café da manhã. O local, que ainda funciona no mesmo lugar, se tornou um Centro Cultural.

Eulália da Silva Soares teve 8 filhos, 22 netos e 34 bisnetos.

Dona Eulália recebeu três premiações da Veja Comer & Beber Cuiabá, sendo uma na categoria “melhor salgado” e duas vezes “melhor bolinho de arroz” entre os anos 2017 e 2020.

Dona Eulália carregava consigo o seguinte lema:

“Felicidade para mim é a fé que tenho até hoje. É poder rezar todos os dias e ver que tudo que eu recebo é pela graça de Deus. Agradeço todos os dias a união da minha família, os fregueses que eu tenho, tudo. Eu não esperava que ia dar tão certo até hoje”.

Essas palavras estão gravadas na parede do espaço criado por ela, na Lixeira.

Morte

Nesta segunda-feira (28), a população cuiabana recebeu a notícia da morte de Eulália, de 90 anos. Por ser muito conhecida no meio gastronômico e cultural. As redes sociais foram instantaneamente povoadas por homenagens a essa mulher que se tornou um legado para Cuiabá.

Leila Malouf, chef de cozinha e dona de um dos buffets mais famosos da capital, publicou: “Dona Eulália que muito fez pela cultura e nos deixou um grande legado com seu tradicional bolo de arroz com chá mate. Meus sentimentos à toda família.”

Filha de Leila, Ariani Malouf, também chef de cozinha, publicou nas redes sociais “Sentiremos muita falta desse sorriso generoso e das mãos caprichosas que tornaram o bolo de arroz e o bolo de queijo ícones nacional da cultura mato-grossense”.

O chef Marcelo Cotrim fez diversas publicações relembrando seus encontros com dona Eulália e escreveu: “Obrigado por todo trabalho, empenho, dedicação e amor para manter a cultura, tradição e gastronômica de Mato Grosso vivas… assim como a senhora, seu legado será eterno e, por mim, sempre lembrado e muito valorizado”.

Autoridades lamentam

Governo de Mato Grosso decretou luto oficial de três dias no Estado pela morte de Dona Eulália. O governador em exercício, Otaviano Pivetta, por meio de nota reforçou o legado dela para manter viva a tradição cuiabana.

“Dona Eulália foi uma pessoa que sempre trabalhou para manter viva a tradição cuiabana e deixa esse legado na nossa cidade. Mas quem mais perde com sua passagem são seus filhos, netos, bisnetos e os amigos e a eles devemos rezar para que busquem o conforto de Deus nessa hora tão difícil”, diz trecho da nota do Governo.

O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, também decretou luto oficial de três dias em memória de Eulália. Tanto o prefeito, como a primeira-dama Márcia Pinheiro, manifestaram pesar pela morte de Eulália.

“É com profunda tristeza que recebo essa notícia. Não apenas a família, mas todos nós, cuiabanos, sentimos essa perda. Dona Eulália ficará eternamente guardada em nossa memória e em nossos corações”, lamentou o prefeito Emanuel Pinheiro.

“Dona Eulália era um símbolo de acolhimento e tradição em nossa cidade. Sua receptividade era tão genuína que era impossível não se emocionar com o sorriso caloroso com que nos recebia no seu tradicional ‘chá com bolo’, no bairro Lixeira”, expressou a primeira-dama, Márcia Pinheiro.

Bolo de arroz

Há quase 70 anos, dona Eulália mantinha viva e difundia a tradição do bolo de arroz cuiabano, em seu tradicional chá com bolo, no bairro Lixeira.

O bolo de arroz é um prato típico de Mato Grosso chancelado pela Lei n° 10.514 de 18 de janeiro de 2017, e um dos principais símbolos da cultura regional.

A morte

As causas da morte ainda não foram divulgadas. Também não há informações sobre velório e sepultamento.

Ao Primeira Página, uma neta de dona Eulália informou que ela não apresentava problemas de saúde com frequência, no entanto, na última quinta-feira (24) começou a reclamar de dores. Foi internada nesse domingo (27) e não resistiu e faleceu nesta segunda-feira.