Famílias de Marielle e Anderson pedem julgamento de mandantes do crime

CNN Brasil


Chegou ao fim o julgamento dos réus por homicídio da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, na tarde desta quinta-feira (31), no Rio de Janeiro.

A Justiça do RJ condenou Ronnie Lessa a 78 anos e 9 meses de prisão e Élcio de Queiroz a 59 anos e 8 meses.

Os familiares de Marielle e Anderson se pronunciaram logo após o julgamento em uma coletiva de imprensa. As famílias, mesmo com sentimento de justiça, disseram que vão seguir lutando para que os mandantes do assassinato sejam condenados.

O pai de Marielle, Antônio Francisco da Silva Neto, enfatizou que por muito tempo a pergunta que faziam era “quem mandou matar Marielle e Anderson”.

Agora a pergunta que deve ser feita é “quando serão condenados os mandantes?”. Veja o vídeo abaixo:

Isso não acaba aqui, porque têm mandantes, e agora a pergunta que nós vamos fazer é: quando serão condenados os mandantes? Porque aquele choro que eles exibem nas suas oitivas, para mim, não é um choro sincero.

Antônio Francisco da Silva Neto

Reprodução: @institutomariellefranco

Em março de 2024, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão e o ex-delegado da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa foram presos como supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson.

No último mês de junho, por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal tornou réus cinco pessoas, acusadas ordenar os homicídios e de participarem do planejamento dos crimes. Todos estão presos preventivamente:

  • Chiquinho e Domingos Brazão respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa
  • Rivaldo Barbosa responde por homicídio
  • Ronald Paulo de Alves Pereira, policial militar apontado como ex-chefe da milícia de Muzema, na zona Oeste do Rio de Janeiro, é réu por homicídio
  • Robson Calixto Fonseca, assessor de Domingos Brazão, responde por organização criminosa

Em depoimento ao STF no último dia 21 de outubro, o deputado federal negou envolvimento com Ronnie Lessa. Durante o depoimento, Brazão se emocionou e disse que tinha uma “boa relação” com Marielle. “Sempre foi minha amiga. Era uma vereadora muito amável, a gente sempre teve uma boa relação”.

Relembre o caso

O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ocorreu em 14 de março de 2018, quando Ronnie Lessa convidou Élcio Queiroz para participar do crime.

Após seguir o carro de Marielle, Lessa disparou 13 vezes contra o veículo. Quatro disparos acertaram a cabeça da vereadora e três alvejaram Gomes. Uma assessora que estava com elas se feriu com estilhaços, mas sobreviveu.

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos em março de 2019. As investigações revelaram que o crime foi motivado por disputas de poder envolvendo milícias no Rio de Janeiro.

As investigações continuaram, em julho de 2021 Ronnie Lessa e outros foram condenados por destruição de provas relacionadas ao assassinato. Em agosto de 2022, o STF decidiu que Lessa enfrentaria júri popular.

A investigação foi dividida em duas frentes, uma delas federalizada e novos suspeitos foram identificados.

Em março de 2024, três indivíduos foram presos como supostos mandantes do crime: Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa.

Os acusados negaram envolvimento, mas Ronnie Lessa afirmou em delação premiada que receberam ofertas financeiras para a execução de Marielle, destacando a atuação das milícias na disputa por terras no Rio de Janeiro.



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