PMs atuavam como seguranças de empresário ligado ao PCC executado em aeroporto

CNN Brasil


A Polícia Civil de São Paulo ouviu, entre a noite de sexta-feira (8) e a madrugada deste sábado (9), cinco policiais militares que trabalhavam como seguranças do empresário Antônio Vinicius Gritzbach, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e executado no Terminal 2 do aeroporto de Guarulhos nesta sexta.

Além deles, outro homem, que seria uma espécie de “faz tudo” de Gritzbach, a namorada dele e um amigo da família do empresário também foram ouvidos.

Os celulares de todos os ouvidos foram apreendidos. A polícia também recolheu dois veículos que pertenciam a equipe de segurança do empresário.

O carro que foi utilizado pelos executores do ataque também foi encontrado abandonado em uma comunidade de Guarulhos ainda na noite de sexta. Havia coletes balísticos e munições de fuzil dentro do Gol.

Segundo apuração da CNN, quatro dos policiais militares que faziam a segurança de Vinicius deveriam busca-lo no aeroporto. Porém, o carro em que os PMs estava teria supostamente quebrado no meio do caminho.

Três dos seguranças decidiram então parar em um posto de gasolina, onde permaneceram com o veículo, uma picape Volkswagen Amarok.

O outro PM seguiu para o aeroporto — em outro carro, uma picape Chevrolet Trailblazer — junto com o filho de Gritzbach e o amigo da família. Contudo, antes deles chegarem ao local, o empresário foi executado a tiros na saída do Terminal 2 do aeroporto, que é o maior da América Latina.

Gritzbach voltava de Goiás com a namorada e outros dois seguranças.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que os policiais militares foram afastados de suas atividades operacionais durante as investigações. Além da Polícia Civil, eles também prestaram depoimento na Corregedoria da PMESP.

“As corregedorias das polícias Civil e Militar apuram a atuação de seus agentes no caso mencionado”, completa a nota.

A Delegacia de Homicídios (DHHP) investiga a hipótese de queima de arquivo, que pode ter partido de qualquer um dos inimigos do empresário, como motivação do crime. Imagens das câmeras de segurança do aeroporto serão analisadas nas próximas horas para tentar identificar os suspeitos pela execução.

 

Ligação com PCC e ‘acerto de contas’

A morte do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach revela mais um capítulo de uma trama do crime organizado com desvios milionários, mortes e um acerto de contas com o PCC.

Já conhecido das autoridades, Gritzbach havia sido preso em 2023 sob a suspeita de encomendar a morte de dois membros influentes na organização criminosa: Anselmo Becheli Santa Fausta, vulgo “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, vulgo “Sem Sangue”.

Esse capítulo da história do crime organizado em São Paulo, no entanto, começou um pouco antes, em meados de 2018, quando o empresário — que trabalhava no ramo imobiliário e em operações de criptomoedas — conheceu “Cara Preta” e começou a realizar investimentos para ele.

Fontes ligadas às investigações revelam que foram feitas transações milionárias com o dinheiro de origem duvidosa. Com o tempo, porém, o membro da facção, que era responsável pela movimentação de valores milionários, passou a suspeitar de desfalques e iniciou uma escalada de cobranças, exigindo que Gritzbach “prestasse contas dos lucros obtidos”, segundo documentos da investigação.

Conforme as suspeitas se intensificaram, “Cara Preta” se convenceu de que estava sendo enganado e teria então exigido a devolução integral dos valores. Como não tinha como devolver, Gritzbach teria encomendado a morte do membro influente da organização criminosa.

A polícia aponta o empresário como o mandante do assassinato de “Cara Preta” e de seu motorista, “Sem Sangue”, em dezembro de 2022, na Vila Formosa, zona leste de São Paulo.

CNN apurou que Gritzbach negociava acordo de delação premiada, que envolvia o Primeiro Comando da Capital (PCC), com o Ministério Público de São Paulo (MPSP).

(com informações de Marcos Guedes, da CNN em São Paulo)



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