O que sabemos sobre o míssil que a Ucrânia acusa a Rússia de ter lançado

CNN Brasil


A Rússia lançou na quinta-feira um novo míssil balístico de médio alcance não nuclear na região de Dnipro, na Ucrânia, afirmou o presidente russo Vladimir Putin em uma declaração televisionada, marcando mais uma escalada significativa na guerra que já dura 1.000 dias.

Pelo menos três pessoas ficaram feridas no ataque, conforme havia declarado anteriormente o chefe da administração militar de Dnipro. Vários edifícios também foram danificados.

Aqui está o que sabemos.

O que diz a Rússia?

O presidente russo Vladimir Putin afirmou que um ataque russo na Ucrânia foi realizado com um novo míssil balístico não nuclear, de médio alcance.

“Em resposta ao uso de armas de longo alcance americanas e britânicas, em 21 de novembro deste ano, as forças armadas russas lançaram um ataque combinado contra uma das instalações da indústria de defesa ucraniana”, disse Putin em uma declaração televisionada.

“Em condições de combate, também foi testado um dos mais novos sistemas de mísseis de médio alcance da Rússia”, afirmou Putin, aparentemente se referindo ao ataque em Dnipro. “Neste caso, com um míssil balístico em equipamento hipersônico não nuclear. Nossos missilistas chamaram-no de ‘Oreshnik’. Os testes foram bem-sucedidos. O objetivo do lançamento foi alcançado.”

Isso ocorre após um oficial dos EUA ter dito à CNN mais cedo na quinta-feira (21) que a Rússia usou um míssil balístico “experimental de médio alcance” em um ataque à cidade ucraniana de Dnipro.

Um míssil de médio alcance pode viajar entre 1.000 e 3.000 quilômetros, de acordo com o Center for Arms Control and Anti-Proliferation (Centro de Controle de Armas e Antiproliferação, em tradução livre).

Putin também afirmou que Moscou se considera autorizada a usar armas contra alvos militares de países que permitem que suas armas sejam usadas contra a Rússia. Ele disse que as Forças Armadas ucranianas atacaram alvos na região de Bryansk, na Rússia, com seis mísseis ATACMS fabricados nos EUA na terça-feira e depois dispararam sistemas britânicos/franceses Storm Shadow na região de Kursk.

Kremlin afirma que a decisão de Biden sobre os mísseis para a Ucrânia é imprudente/Reuters

“A partir desse momento, como enfatizamos repetidamente antes, o conflito regionalmente provocado na Ucrânia assumiu elementos de uma natureza global”, disse Putin, acrescentando que “usar tais armas sem o envolvimento direto de especialistas militares dos países que produzem essas armas é impossível.”

“Nos consideramos autorizados a usar nossas armas contra os alvos militares daqueles países que permitem que suas armas sejam usadas contra nossos alvos, e, no caso de uma escalada das ações agressivas, responderemos de forma igualmente decisiva e proporcional,” acrescentou.

O que diz a Ucrânia?

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky se manifestou sobre a declaração do presidente russo. Ele disse que “o ataque com míssil de Putin é uma escalada clara e grave da brutalidade nessa guerra” e que “o uso do equipamento mostra que Putin não está interessado na paz” e que “o mundo deve responder, porque a falta de uma resposta envia uma mensagem de que esse comportamento é aceitável”.

Anteriormente, a força aérea da Ucrânia acusou a Rússia de lançar um míssil balístico intercontinental contra Dnipro por volta das 5h da manhã, no horário local, da região de Astrakhan, no sul da Rússia, sem fornecer mais detalhes. No entanto, dois oficiais ocidentais contestaram a avaliação da Ucrânia, afirmando que, embora o míssil lançado pela Rússia provavelmente tenha sido um míssil balístico, não era um míssil intercontinental.

O exército ucraniano também disse que um míssil balístico X-47M2 Kinzhal foi lançado junto com sete mísseis de cruzeiro no ataque, acrescentando que todos, exceto um dos mísseis de cruzeiro, foram abatidos. “Os outros mísseis não causaram consequências significativas”, afirmou o exército.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky também afirmou que o ataque é uma prova de que “o medo de Putin é tanto que ele já está usando mísseis novos”.

“Hoje, nosso vizinho louco mais uma vez mostrou quem ele realmente é e como despreza a dignidade, a liberdade e a vida humana em geral,” disse Zelensky em um vídeo postado no Telegram antes do pronunciamento televisionado de Putin.

O que a ONU diz?

O porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas alertou na quinta-feira que o uso pela Rússia de um novo míssil balístico de médio alcance é “mais um desdobramento preocupante e alarmante.”

“Tudo isso está indo na direção errada. O que queremos ver é que todas as partes tomem medidas urgentes para desescalar a situação”, disse Stephane Dujarric em uma coletiva de imprensa regular na quinta-feira, acrescentando que “o que queremos ver é o fim desse conflito, em conformidade com as resoluções da Assembleia Geral, o direito internacional e a integridade territorial.”

Por que isso é significativo?

O anúncio de Putin ocorre em meio a uma semana tensa no conflito, que agora já dura mais de 1.000 dias.

Nesta semana, mísseis fabricados nos EUA e no Reino Unido/França foram disparados contra a Rússia pela Ucrânia, após o presidente dos EUA, Joe Biden, ter dado permissão à Ucrânia para usar mísseis americanos de longo alcance através da fronteira.

Na terça-feira (19), o Ministério da Defesa da Rússia e dois oficiais dos EUA disseram que a Ucrânia disparou pela primeira vez os mísseis ATACMS fabricados nos EUA contra a Rússia.

O Ministério da Defesa da Rússia também afirmou que suas defesas aéreas abateram dois mísseis Storm Shadow, fabricados no Reino Unido/França, reconhecendo o uso desses mísseis de longo alcance pela Ucrânia.

Por sua vez, Putin atualizou a doutrina nuclear da Rússia, com o Kremlin dizendo que a doutrina militar revisada, em teoria, diminuiria a exigência para o uso inicial de armas nucleares.

Como a Ucrânia se defende?

A Ucrânia usa um sistema de defesa de mísseis Patriot, fornecido pelos EUA e pela Alemanha, para interceptar ogivas de mísseis balísticos que estão se aproximando, de acordo com o Missile Threat Project do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.

O sistema Patriot é projetado para interceptar ogivas em voo, seja com uma ogiva explosiva própria ou com interceptores cinéticos – a chamada tecnologia “hit-to-kill” (acertar para matar, em tradução livre), que destrói a ogiva inimiga ao atingi-la diretamente.

Os interceptores Patriot têm um alcance vertical de cerca de 20 quilômetros e defendem uma área de cerca de 15 a 20 quilômetros ao redor da bateria, de acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos.

No entanto, a Ucrânia possui um número limitado de sistemas Patriot e baterias. Algumas cidades, como a capital Kiev, desfrutam de maior proteção do que outras.

Por que Dnipro virou alvo?

Área atingida por ataque russo em Dnipro
Área atingida por ataque russo em Dnipro 21/11/2024 REUTERS/Handout • Reuters

A região de Dnipro tem sido um alvo frequente de bombardeios russos nos últimos meses.

Ela faz fronteira com as regiões parcialmente ocupadas de Donetsk e Zaporizhia e se tornou um centro para pessoas que fugiram de áreas que agora estão sob controle russo.

Atualmente, a região abriga mais de 400 mil pessoas deslocadas internamente. Dnipro, a quarta maior cidade da Ucrânia, é um centro importante de vida na parte oriental do país.

Está relativamente próxima das linhas de frente, mas ainda é bastante bem protegida por defesas aéreas. Isso, somado à sua infraestrutura de transporte que a conecta ao resto do país, torna a cidade um centro essencial no esforço de guerra da Ucrânia.

 

 



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