Um estudo publicado pelo Instituto Sou da Paz, mostra os impactos da violência armada na sociedade brasileira e indica as diferenças na vitimização provocada por arma de fogo segundo o gênero e a raça. A análise “Violência Armada e Racismo” indica que 79% das 38 mil mortes por arma de fogo foram de homens negros.
Os dados correspondem aos anos de 2012 a 2022, e indicam que para cada três homens assassinados, dois são a tiros. Cuiabá aparece entre as cinco capitais brasileiras que apresentam evolução das mortes no período de 10 anos analisados. Na capital de Mato Grosso, o pico das mortes por arma de fogo ocorreu entre os anos de 2014 e 2015.
Em geral, a taxa das capitais é superior à dos respectivos estados, no entanto, em Mato Grosso chama a atenção o fato de as taxas estaduais serem o dobro do que as observadas em Cuiabá.
“Analisamos como a localização geográfica, relativamente próxima da fronteira com a Bolívia, influencia a logística do tráfico de drogas, contribuindo para o aumento da violência armada“, diz trecho do relatório.
Homens negros também são as principais vítimas de violência armada não letal, como lesões físicas ou outros tipos de violência associada ao emprego de arma de fogo, em todas as regiões do país
O relatório aponta que as desigualdades raciais, o racismo institucional e a marginalização intensificam a exposição de homens jovens negros à violência.
A arma de fogo é o meio empregado em mais de 83% dos homicídios de adolescentes e jovens. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos, chega a 85%. Jovens adultos de 20 a 29 anos representam 43% das vítimas de homicídios por armas de fogo.
Entre as unidades da federação, as diferenças são expressivas
- Estados das regiões Norte e Nordeste, como Amapá e Bahia, destacam-se pelas taxas máximas, cerca de 78 homicídios por cem mil homens.
- São Paulo e Santa Catarina apresentam os menores níveis de letalidade, com taxas
inferiores a 10 por cem mil. - No Centro-Oeste, Mato Grosso exibe a maior taxa (34,9), enquanto o Distrito Federal, com 14,1, a menor.
- No Sudeste, o Espírito Santo lidera com taxa de 42,4 homicídios por arma de fogo entre homens e, no Sul, o Rio Grande do Sul, com 25,2.
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