A cada 11 dias, uma família chora morte por feminicídio em MS

FEMINICIDIO PORTO SECO 3


O ano ainda não acabou; mas desde janeiro, 30 mulheres já morreram pelas mãos de companheiros ou ex-companheiros em Mato Grosso do Sul. O número se iguala ao registrado nos 12 meses do ano passado e quando colocado de um jeito diferente, desperta ainda mais dor: a cada 11 dias de 2024, uma família foi destruída pelo feminicídio.

Sandálias de Amalha Cristina Mariano Garcia, de 43 ano, assassinada em maio deste ano (Foto: José Aparecido)

Essa segunda-feira, 25 de novembro, é usada em todo o mundo para lembrar a “Eliminação da Violência contra a Mulher”, seja ela física, psicológica, sexual ou social.

A data nasceu em 2008 e de lá para cá, muitos foram os avanços na proteção às vítimas de violência doméstica, principalmente na parte legislativa – hoje as penas pelo crime são mais rigorosas e as mulheres possuem uma rede de apoio nos órgãos públicos que por muito tempo foi apenas um sonho.

Mas, ainda assim, os números expõe uma sociedade que está muito longe do respeito necessário às mulheres: a violência ainda é cultural, reflexo do machismo, da raiva e da sensação de pose.

Segundo dados da Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública) em 2024, de janeiro até agora, 17.872 mulheres foram vítimas de violência doméstica em Mato Grosso do Sul: são mais de 1.624 casos por mês.

No ano passado foram registrados 20.624 de violência doméstica.

Do dia 1º de janeiro até a manhã desta segunda-feira, Mato Grosso do Sul teve 30 feminicídios; ou seja, a cada 11 dias, uma mulher foi assassinada pelo simples fato de ser mulher. O número também é o mesmo registrado em todo 2023.

O primeiro caso deste ano aconteceu em Sidrolândia, cidade a 70 quilômetros de Campo Grande. No dia 3 de janeiro, Luciene Braga Morale, de 50 anos, chegou ao hospital da cidade morta e com sinais de espancamento. O marido Airton Barbosa Louriano, 45 anos, foi preso pelo crime.

O último foi registrado no dia 10 de novembro. Vanessa de Souza Amâncio foi cruelmente assassinada a facadas pelo ex-companheiro, Gecildo Gomes. Ele foi preso horas depois, na cidade de Selvíria, a pouco mais de 74 quilômetros de Três Lagoas, enquanto tentava tirar o sangue as roupas que usou no crime.

Durante o ano, outras 79 mulheres foram vítimas de tentativa de feminicídio. Nos 12 meses de 2023 foram 121 casos registrados pela Polícia Civil.

Peça socorro

Para frear a violência doméstica, uma rede de apoio foi criada em todo Brasil.

Hoje, o Ligue 180 é referência para pessoas que precisam de informações para que o ciclo de violência seja quebrado. Se alguém próximo identificar casos de agressão a mulher, basta ligar para a Polícia Militar no 190.

A Polícia Civil também ampliou as salas especializadas no atendimento as vítimas de violência doméstica e em Campo Grande conta com a Casa da Mulher Brasileira, que desde 2015 concentra a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), equipes de apoio psicossocial; Juizado; Ministério Público, Defensoria Pública; promoção de autonomia econômica; cuidado das crianças – brinquedoteca; alojamento de passagem e central de transportes, em um único lugar.





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