Infestação de lagartas em pastagens gera prejuízo a pecuaristas de MT

Os criadores de gado em Mato Grosso enfrentam um novo desafio neste início de período chuvoso: a infestação de lagartas em pastagens. O problema, recorrente nesta época do ano, atingiu níveis alarmantes em 2024, obrigando pecuaristas a adotarem estratégias emergenciais para proteger o pasto e minimizar os prejuízos.

Fernando de Souza Machado, pecuarista em Cuiabá, possui uma propriedade de 8 mil hectares, dos quais 2,5 mil são dedicados à pastagem. 

Ele relata que as lagartas estão especialmente agressivas nas áreas de brotação nova, que se recuperavam de um incêndio em setembro.

“A hora que você chega lá, a lagarta comeu o que estava guardando pro gado”, desabafa Fernando. Para conter os ataques, ele precisou terceirizar o uso de drones para pulverização, elevando o custo de manejo de R$80 para R$200 por hectare.

Uso de drones para pulverização

Além do custo elevado, Fernando precisou improvisar em áreas onde a pulverização não foi possível. “Monto um lote grande de gado e dou uma pressão de pastejo naquela área específica. Prefiro colocar o capim na boca do gado do que na boca da lagarta”, explica.

Segundo Samuel Versiani, piloto de drones agrícolas, o controle químico tem efeito rápido. “A pulverização começa a ter impacto imediato e, em até 24 horas, podemos alcançar a eliminação total da praga. Mas, em 10 a 15 dias, pode haver reincidência, e trabalhamos para evitar esse segundo ciclo”, afirma.

Clima favorece infestação

Angelo Proni, engenheiro agrônomo que presta consultoria em mais de 50 propriedades no estado, destaca que as condições climáticas recentes contribuíram para o aumento da infestação.

“Com chuvas espaçadas e dias muito quentes, o surgimento de lagartas é favorecido. Hoje, encontramos até 200 ou 300 lagartas por metro quadrado em algumas áreas. Isso é muito acima do normal”, alerta.

A expectativa é que chuvas mais intensas e frequentes ajudem a reduzir o problema. 

Enquanto isso, a recomendação técnica é que os pecuaristas monitorem constantemente as pastagens e iniciem o controle químico ao identificar mais de 50 lagartas por metro quadrado.