O promotor João Batista de Oliveira, que lidera a Operação Nexus – deflagrada nesta terça-feira (3) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) – em entrevista ao MT1 da TV Centro América, destacou que as investigações revelaram indícios de enriquecimento ilícito de servidores públicos envolvidos.
O objetivo da ação é aprofundar as apurações para desfazer os vínculos entre funcionários da Penitenciária Central do Estado (PCE) e a facção criminosa Comando Vermelho em Mato Grosso.
Segundo o promotor, a investigação identificou movimentações financeiras atípicas nas contas bancárias de alguns servidores, indicando possível desvio de verbas oriundas de atividades ilícitas.
“Identificamos que parte dos recursos gerados pela cantina da penitenciária estava sendo utilizada para o enriquecimento ilícito de policiais penais e alguns presos”, explicou Oliveira.
Nesta fase da operação, as buscas e apreensões realizadas visam reunir provas para “firmar convicção contra essas pessoas” a fim de obter base para outras medidas cautelares, e até mesmo a prisão dos investigados.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que está oferecendo ao Gaeco o suporte necessário para a apuração dos fatos e destacou que irá adotar todas as medidas cabíveis ao caso, como abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra os envolvidos.
A Sesp disse ainda que realiza operações continuadas dentro das unidades prisionais, com objetivo de apreender e proibir a entrada de celulares e outros produtos ilícitos.
Informou ainda que na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, foco da operação do Gaeco, a Sesp deu início a uma de série medidas que incluem, além de operações de busca e varredura, a troca da equipe de direção e mudanças de procedimentos de acesso à unidade.
Participação de agentes públicos
A operação investiga se os servidores contribuíram para a venda de mercadorias no interior da penitenciária, autorizada de forma irregular, favorecendo o esquema.
As investigações também apontam que o dinheiro movimentado pela Associação dos Servidores da Penitenciária Central (Aspec), que chegou a R$ 13 milhões entre 2019 e 2023, pode estar relacionado ao esquema.
O Ministério Público argumenta que a movimentação é incompatível com a estrutura da Aspec.
Com cinco mandados de busca e apreensão já cumpridos, o Gaeco agora trabalha na análise dos documentos apreendidos para consolidar provas que possam embasar futuras denúncias.
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