O Ministério Público de São Paulo pediu a prisão do policial militar Vinicius de Lima Britto, que executou Gabriel Renan da Silva Soares pelas costas no último dia 3 de novembro, em São Paulo.
A CNN teve acesso ao documento protocolado na noite desta quarta-feira (4) pelo promotor Rodolfo Justino Morais, da 3ª Promotoria do Júri de São Paulo. No texto, Morais solicita a prisão preventiva, alegando que o PM praticou homicídio qualificado, além de usar arma da corporação, desvirtuando a função pública.
O promotor de justiça também destacou que Gabriel não é a primeira vítima de homicídio do acusado. “Este não é o primeiro caso de morte provocada pelo denunciado. Em apenas 10 meses de atividade policial, já esteve envolvido em outras três mortes em circunstâncias semelhantes, o que demonstra sua alta periculosidade e o risco concreto que sua liberdade representa para a sociedade”, diz trecho do pedido.
Um dos casos, publicados pela CNN, aconteceu em dezembro do ano passado, quando o PM esteve envolvido em uma ocorrência com desfecho fatal em São Vicente, litoral paulista.
O promotor também ressalta em seu pedido que Britto poderá causar “temor às testemunhas” se continuar em liberdade.
Veja vídeo do caso;
Reprovação de teste psicológico
Britto foi reprovado em um exame psicológico ao tentar ingressar na Polícia Militar pela primeira vez. A avaliação, realizada durante um concurso público para soldado de 2ª classe, em 2021, apontou problemas de sociabilidade e descontrole emocional.
O policial conseguiu entrar na corporação no mesmo ano, após ser aprovado em um segundo concurso.
Especialistas responsáveis pela reprovação apontaram dificuldade de sociabilidade e instabilidade em relações interpessoais. “Tais características contraindicam o candidato para o cargo, pois poderão comprometer sua capacidade de perceber e reagir adequadamente às demandas da função”, afirma um trecho do laudo.
Relembre o caso
As imagens que mudam a versão, até então “oficial” dos fatos, foram disponibilizadas pelo rapper Eduardo Taddeo, que é tio do jovem executado, em sua conta pessoal do Instagram na última segunda-feira (2). Desde o dia da morte do sobrinho, Taddeo denuncia a execução e contesta a versão do agente público. “Mais um jovem preto e da periferia exterminado”, declarou à época.
Eduardo fez parte do grupo ‘Facção Central’, que denunciava a violência policial em São Paulo. Em uma das letras, há menção a um PM que não passou no psicotécnico, mas conseguiu a vaga mesmo assim, coincidindo com a situação do acusado de matar seu sobrinho. “O que [sic] vai proferir a pena bombou no psicotécnico. É PM porque uma liminar garantiu o ingresso”, cita trecho da música Roleta Macabra, escrita em meados dos anos 2000.
A advogada Fátima Taddeo, que é tia de Gabriel, já havia concedido entrevista à CNN em que afirmou saber que ele havia cometido um crime, porém de menor poder ofensivo, o que não justificaria os disparos feitos pelo policial militar.