A coligação rebelde da Síria consiste em grupos islâmicos e moderados que, apesar das diferenças, estão unidos na luta contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Hayat Tahrir Al Sham (HTS) é um dos maiores, também conhecido como Organização para a Libertação do Levante. O HTS foi fundado por Abu Mohammad al-Jolani, um comandante militar e combatente da Al Qaeda contra os Estados Unidos, no Iraque.
Jolani criou o Jabhat al-Nusra, filiado sírio da Al Qaeda, e operou o grupo até uma ruptura pública em 2016 devido a diferenças ideológicas e oposição ao Estado Islâmico, formando o HTS em 2017, grupo que lidera até hoje.
Apesar do esforço do líder para distanciar o HTS da Al Qaeda e do Estado Islâmico, os Estados Unidos e outros países ocidentais designaram-no como uma organização terrorista em 2018, além de aplicar uma dívida de 10 milhões de dólares.
Outro grupo é o Exército Nacional Sírio (SNA), que incorporou dezenas de grupos rebeldes com diversas ideologias que recebem financiamento e armas da Turquia.
Essa coligação inclui a Frente de Libertação Nacional, composta por grupos como Ahrar al-Sham, cujos objetivos declarados são “derrubar o regime (de Assad)” e “estabelecer um Estado islâmico governado pela lei Sharia”.
Alguns membros da coligação rebelde também lutam contra as forças curdas.
O Exército Sírio Livre, apoiado pela Turquia, declarou na semana passada que havia assumido o controle da cidade de Tal Rifaat e de outras regiões na parte norte de Aleppo.
Esses territórios eram anteriormente controlados não pelo governo de Assad, mas pelas Forças Democráticas Sírias (FDS) – também envolvidas na guerra civil.
As FDS são compostas majoritariamente por combatentes curdos de um grupo conhecido como Unidades de Proteção dos Povos (YPG), que é considerado uma organização terrorista pela Turquia.
No sul da Síria, combatentes da minoria religiosa drusa do país também se juntaram à luta, relatou um grupo ativista local à CNN.
Os drusos estão lutando na cidade de as-Suwayda, no sul do país, vizinha de Daraa, onde as forças da oposição afirmam ter assumido o controle.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.