Nos últimos 15 anos foram derrubados cinco governos ditatoriais no Oriente Médio, sendo o de Bashar al-Assad o caso mais recente.
Zine el-Abidine Ben Ali, da Tunísia foi o primeiro a ser deposto em 2011 durante a Primavera Árabe, levante que deu início à inédita sequência de destituições nos países árabes.
Na época, Ben Ali fugiu do país depois de 23 anos no poder. E no mesmo ano, o então presidente do Egito por quase 30 anos, Hosni Mubarak, também renunciou ao cargo após pressão popular inspirada nos protestos que haviam ocorrido na Tunísia.
Em agosto de 2011, Mubarak chegou a ser condenado à prisão perpétua em julgamento pela acusação de ordenar a morte de mais de 800 manifestantes e por corrupção.
Logo depois, ainda no mesmo ano, Muammar Gaddafi, que estava no poder desde 1969, foi morto brutalmente na Líbia.
Já em fevereiro de 2012, Ali Abdullah Saleh, no Iêmen, que liderava o país desde 1978, renunciou ao cargo sob pressão. Saleh foi substituído pelo seu vice Adbrabbuh Mansur Hadi, e morto em 2017 ao tentar deixar a capital iemenita, Samaã.
Agora em 2024, exatamente neste domingo (8), o mundo presenciou a queda do governo de Bashar al-Assad na Síria, após forças rebeldes tomarem a capital declararem Damasco “livre”. A queda da era da família Assad, que começou com seu pai, Hafez al-Assad, em 1971, conclui o arco de levantes que mudaram a configuração da região.
Assad e sua família fugiram da Síria e se encontram abrigados em Moscou, na Rússia, sob asilo humanitária, segundo informações da mídia estatal russa TASS, citando uma fonte no Kremlin.
Entenda o conflito na Síria
A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, segundo a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
Saiba quem é o líder rebelde sírio e o grupo que derrubou Bashar al-Assad